Ainda te admiras?
Tens dois dedos encostados à fronte, feitos pistola numa qualquer realidade, à espera que um acaso lhes materialize uma bala dentro, a qual não verás quando te penetrar na carne, levando-te à frente imagens e pensamentos, misturando-te memórias e vontades, num emaranhado de sangue, ossos, massa cinzenta, nessa papa inerte que nada vale agora cujo movimento lhe é forçado, sem teres tempo de pensar na vida que foi.
Para já, são só dois dedos.
Ainda te admiras?
Tens dois dedos encostados à fronte, feitos pistola numa qualquer realidade, à espera que um acaso lhes materialize uma bala dentro, a qual não verás quando te penetrar na carne, levando-te à frente imagens e pensamentos, misturando-te memórias e vontades, num emaranhado de sangue, ossos, massa cinzenta, nessa papa inerte que nada vale agora cujo movimento lhe é forçado, sem teres tempo de pensar na vida que foi.
Para já, são só dois dedos.
Ainda te admiras?
Quantas vezes te fugiu o chão debaixo dos pés? Quantas vezes uma montanha-russa se desenhou no mais plácidos e inimaginável dos lugares, e uma descida vertiginosa sem saíres do sítio, te levou o coração à boca, te apertou o estômago, te descontrolou a adrenalina?
Quantas dessas vezes te esqueceste de apertar o cinto?
Ainda te admiras?
Quanto ódio cabe numa pessoa tão pequenina? Quanta dor, quanto arrependimento? Quanta força?
Ainda te admiras?
Quantos olhos precisas para ver o que está lá; quantos dos que tens terias que dispensar para não ver o que não está?
Ainda te admiras?
Quantos pecados até a absolvição final? Quantas penitências impedem a entrada directa no Inferno?
It's with your sins that you have killed me
Thinking of your sins I die
Thinking how you'd let them touch you
How you'd never realise
That I'm ripped and hang forsaken
Knowing never will I rise
Again
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