quinta-feira, 24 de julho de 2008

Bang Bang

Ainda te admiras?

Tens dois dedos encostados à fronte, feitos pistola numa qualquer realidade, à espera que um acaso lhes materialize uma bala dentro, a qual não verás quando te penetrar na carne, levando-te à frente imagens e pensamentos, misturando-te memórias e vontades,
num emaranhado de sangue, ossos, massa cinzenta, nessa papa inerte que nada vale agora cujo movimento lhe é forçado, sem teres tempo de pensar na vida que foi.
Para já, são só dois dedos.

Ainda te admiras?

Quantas vezes te fugiu o chão debaixo dos pés? Quantas vezes uma montanha-russa se desenhou no mais plácidos e inimaginável dos lugares, e uma descida vertiginosa sem saíres do sítio, te levou o coração à boca, te apertou o estômago, te descontrolou a adrenalina?
Quantas dessas vezes te esqueceste de apertar o cinto?

Ainda te admiras?

Quanto ódio cabe numa pessoa tão pequenina? Quanta dor, quanto arrependimento? Quanta força?

Ainda te admiras?

Quantos olhos precisas para ver o que está lá; quantos dos que tens terias que dispensar para não ver o que não está?

Ainda te admiras?

Quantos pecados até a absolvição final? Quantas penitências impedem a entrada directa no Inferno?


It's with your sins that you have killed me
Thinking of your sins I die

Thinking how you'd let them touch you

How you'd never realise

That I'm ripped and hang forsaken

Knowing never will I rise

Again










Sem comentários: