terça-feira, 21 de abril de 2009

O caso da supra-numerária

Sala de aulas. À pinha, muito à pinha, o que até nem interessa para o caso... Eis que, do aparente nada, e a meio duma explicação, o docente se sai com um "Alguém viu por aí uma lapiseira supra-numerária?"

Tendo eu uma caneta na minha mesa, aparecida não-sei-de-onde, e com ar de esquecida, que até sem tampa estava, e não estando habituada por aí além a que chamem "lapiseira" aos lápis de minas -cá na terra, "lapiseira" é "caneta"!-, prontifiquei-me pois a elevá-la à força de braços e a dizer um "está aqui uma..." Ainda não tinha acabado de dizer a frase e a) o professor encontra o tal LÁPIS dele, e b) a cachopa ao meu lado estava atónita a olhar ora para mim, ora para a caneta, ora para mim, ora para a caneta... Preocupei-me, é certo, porque vi logo ali uma adversária, alguém que tinha dado conta da minha sensualidade pouco disfarçada ao dirigir a palavra ao professor e que não se sentia bem com isso. No filme que já se estava a desenrolar na minha cabeça, estávamos já, eu e ela de frente uma para a outra, distanciadas por um chão poeirento iluminado por um Sol abrasador, de olhos piscos a tentarmo-nos aniquilar com a força da mente, porque sim, eu tenho um fetiche com aquele professor, não sei bem porquê (acho que tem qualquer coisa a ver com o facto de já me ter preparado psicologicamente para daqui a uns tempos lhe mostrar algo mais que capacidades intelectuais para entrar num Mestrado...). Já estava eu a medi-la de alto a baixo, de soslaio e com o meu olhar de superior, e eis que ela se pulveriza automaticamente, quando não se detém e pergunta à coleguinha do lado, com o ar de quem acabou de ouvir que afinal o Mundo é de facto e comprovadamente, um rectângulo: "o que é uma lapiseira supra-numerária?"

Tivesse eu uns ditos cujos para cair, e ter-me-iam caído logo ali! Como é que é possível que se chegue à faculdade e não se saiba o que raio quer dizer "supra-numerária"?! Pior do que isto, só mesmo o outro que não sabia o que eram "aqueles números entre parêntesis depois da vírgula"! Mas a mim só me calham abéculas, não só?

A amiga do lado pois, sabia tanto quanto ela, e a cachopa lá voltou a olhar para mim, ainda de boca aberta, a pensar que "supra-numerária" devia querer dizer "sem tampa", e a esta hora ainda devo ser conhecida pela "miúda que sabe termos estranhos para designar coisas mais que corriqueiras"...

E ainda achava eu que ela ia ser uma adversária... Parece-me que tenho mesmo é que me preocupar com o jovem, e repito o jovem, que diz que -e depois do professor ter dito que não é garantido subir-se a nota nas orais, podendo mesmo descê-la-, que "ai, eu numa oral subia logo a nota! Logo eu! Deixava cair o lápis sem querer e oh, já estava", o que quer que isto queira dizer, apesar de eu conseguir pensar em muita coisa, mas não quero sequer ir por aí...

6 comentários:

Sr. Pedro disse...

Permite me apenas dizer que, devido ou não ao acordo ortográfico, a palavra deve ser escrita "supranumerária"! Mas penso que não seja pelo acordo porque eu conhecia a palavra assim, e não com "-".

;)

who's yo' mama?! disse...

É capaz que seja, não duvido... Mas eu tenho a mania de escrever prefixos do género com hífen. Eu sou um pontapé personificado na Ortografia, acordada ou não... Quem leva comigo, já devia saber ;)

Anónimo disse...

Que blog engraçado , acabei de descobrir! Vou voltar, mais e mais vezes!o serendipismo , de vez em quando, tem destas coisas! parabéns!

Daniel disse...

Ai rapariga! A tua escrita é demasiado confusa, tive que ler o post duas vezes para conseguir acompanhar! lol Ou então se calhar o problema não é da tua escrita... 8-) só acho que te falta referir um pormenor: afinal de quem era a caneta que tu "achastes" na mesa?

who's yo' mama?! disse...

Oh Anónimo, muito obrigada! Até temo saber do que andarias à procura para ter vindo ter -passo a redundância- a este muro das lamentações!

E Daniel (é estranho chamar-te assim, pá... :P ) isso da escrita é táctica, para prender as pessoas! (mentira... É coisa para ser mesmo defeito...)
Quanto ao dono da mal-fadada caneta, pois isso nem a Grandiosidade de Alá no-lo vai permitir descobrir... Mas um facto é que na aula seguinte já lá não estava! Por esta é que nem o Aristóteles esperava: que surjam espontanemente, OK tudo bem, agora desaparecerem sem causa aparente, nem o Darwin o consegue explicar! (e a minha teoria é que este último não contabilizou as "empregadas" na equação evolutiva...)

Sr. Pedro disse...

Ora, voltando ao que me trouxe aqui, deve ser escrito: "malfadada" ;)