Apareceu ontem no Telejornal da RTP1, em jeito de compasso cadenciado sempre a igual ritmo quaisquer que sejam os propósitos que apregoa, variando apenas na maior ou, raramente, menor dedução pedida a quem lê para compreender o que de facto se quer dizer -não tanto o que se diz-, por ser parco o espaço e dúbias as siglas, não sem raras vezes apetrecharem o trecho com um, dois ou, em suplício de pedido de despedimento por parte de quem escreve, mais erros, a notícia em rodapé afecta ao separador "Economia" que fazia saber (e sinto conseguir citar): "Crise: Prostitutas baixam preços de serviços".
Hoje, no "Metro" (o jornaleco diário-em-dias-de-semana que é entregue em tudo quanto é poiso de transportes públicos), escrevia a Sílvia Maia da Agência Lusa que a "Crise já chegou ao negócio do sexo". Diz que (e volto a citar): "As prostitutas de rua estão a fazer descontos a pedido de alguns clientes que se queixam da crise".
Até podia parecer que eu ia fazer um reparo quanto a isto. É verdade que é tema para ter muito mais pano do que o que precisa para o que lhe compete, mas vou deixar passar esta, até porque, como diz a Sílvia e citando "As Irmãs Oblatas" (ignoro...) "tudo é negociável excepto o uso de preservativo". É bom saber que poupar, 'tá bem, é necessário, faz falta, mas nunca no essencial.
Sai o labajão de casa todo ele pimposo e pleno de vontades, a saber que pôde comprar leite e pão para quem lá deixou, que conseguiu poupar uns trocos para a prática do amor em vãos de escadas, e que voltará sem comichões alheias, já que até as próprias são difíceis de suportar.
Não, não vou entrar por aí... O que me traz um certo matutar ao córtex e que aqui pretendo expor é o como saberá a comunicação social destas coisas. Será dica anónima enviada para o Provedor por carta em Correio Azul?
"Exmo. Sr. Provedor da Estação Pública,
Venho por este meio expressar o meu mais recente atentar no estado em que caiu o nosso país e consequente preocupação que daí advém, e que creio será de extrema utilidade pública venha fazer saber em serviços noticiosos desta mesma estação que tanto e tão bem se preocupa com o bem-estar, saúde e demais comodidades do povo Português.
[...]
Passou-se comigo, isto lhe posso garantir, eu que nem estava à espera, que esperei penosamente dois meses da reforma e da pensão da minha falecida -que o Senhor a tenha-, que deixei mesmo por comprar os comprimidos para o costról, enfim, em troca de outros..., qual não é o meu espanto quando me apercebo de que não precisava de ter carpido tanto!
Faça saber Sr. Provedor, faça saber, que a crise, esta, merece mesmo tocar a todos!
Atenciosamente,"
Ora o Provedor, "ai, ai, ai, que faço eu agora?!", perdido entre o dever de fazer ouvir a voz do Cidadão e a ética de manter privada a privacidade, até mesmo a desvairada, zau! atira com aquilo para o rodapé.
Vai daí, a Sílvia que estava sem saber por que tema começar esta semana, perde-se no rodapé, como eu tantas vezes, e "ai que já tenho artigo!". Afinfa-se às Irmãs Oblatas (ignoro...), e temos um espacinho no jornal, temos publicidade, temos maior afluência aos serviços e fica tudo feliz porque quem não p(h)odia passa a p(h)oder e sempre com a certeza da máxima protecção! Não penseis vós que o povo só serve para levar no lombo à bruta, sem amor nem com paixão. Não! O povo também se sabe chegar à frente! E o povo quer p(h)oder, paga, não vai pedir ajuda à Fräulein!
Gosto mesmo de finais felizes!