terça-feira, 27 de março de 2012

Chegou a Primavera e o cuco vem também

A noite envolvera a cidade com o seu manto azul-enegrecido. O silêncio caíra de tal forma, que ouvidos mais cuidados -higienica e/ou não-ouvindo-música-aos-berros-nos-phones'mente-, conseguiriam perceber o zunido dos filamentos eléctricos dos candeeiros. As horas dos relógios iam avançadas, as luzes das casas há muito haviam definhado, os carros que havia nas ruas só desocupariam os seus lugares às primeiras horas da manhã.

Mas eis que de súbito, uma voz surge, rompendo o silêncio com um

Corri para a janela, passando em revista todos os emigrantes que conheço, na esperança de me surgir um moço casadoiro na ideia e no passeio lá em baixo.

Mas não, a serenata não era para mim. Desta vez o álcool levou a melhor. Mas um dia, ah um dia, hei-de ser eu a razão de vocalizações romantico-desafinadas!

domingo, 25 de março de 2012

Inadmissível!

A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou um comunicado em que fez saber que também não concorda de todo com o que se passa no Jardim de Infância de Santo Isidoro, na Ericeira, pedindo igualmente que acabem com a canção inconsequente que os miúdos têm vindo a cantar, e uma punição exemplar para a Educadora de Infância em causa.

A razão apontada pela OMS é o facto de na canção se fazer referência a, e cito, "batata frita", e crianças daquela idade não devem ser bombardeadas com informação abusiva acerca de comida hiper-calórica e nada saudável, ainda para mais num Jardim de Infância, local que se devia pautar pelos bons ensinamentos.
Querem cantar música com comida, façam-no com frutas e legumes, esporadicamente até se aceita um papo seco. Insistindo em comida potenciadora de obesidade, então opte-se por um Cozido à Portuguesa ou um Pudim Abade de Priscos, que podem ser acompanhados por laivos de Cultura e História Nacionais, que sempre vão alimentando também o intelecto, não se perdendo tudo.

Refira-se ainda que a OMS só difere do FCP no modo de expressão do desagrado com toda esta situação, pois é uma organização com gente inteligente que sabe o significado e conotação de palavras como "ayatollas" e "fascistas", e rege-se pela sensatez e recato no uso das mesmas.

quarta-feira, 21 de março de 2012

A culpa é do iogurte! (mas agora a sério)

Não tenho consultório sentimental, mas sei que se tivesse, uma das questões que mais me chegaria seria "É só o piri-piri que é afrodisíaco, ou o spray de pimenta também serve?" seguida de pertíssimo pela "Porque é que os chineses vieram para Portugal comprar a edp e não foram antes para Espanha comprar o que quer que seja que distribui a electricidade a nuestros hermanos?"

Primeiramente, não, amores, piri-piri e spray pimenta não são a mesma coisa e muito menos servem para o mesmo. Quereis andar para aí num intercâmbio de bicharadas diversas, numa rebaldaria que pergunta aos padrões da moral: 'Onde te dói?', e zás! escarafuncha a ferida ainda mais, andai. Mas sempre com cooperação consciente de ambos os lados. Vá, a ver se nos entendemos.
Quanto à segunda questão, também ela pertinente, vou pedir a ajuda do meu assistente para dar início à apresentação:


Enquanto que em Portugal se deve "conservar no frio entre +0ºC e +6ºC", do lado de lá da fronteira, deve-se "conservar en frío entre +1ºC y +8ºC". Ora isto, ainda que podendo parecer que não, é substancial. Porque são para cima de muitos milhões de frigoríficos a puxarem pelo coisito que os refrigera -confesso que a anatomia de electrodomésticos é coisa que não me assiste- com mais esforço e afinco que os espanhóis. E a edp a meter para o bolso.
E os chineses, que de palermas não têm nada, com olho estreitado para o negócio, pumba, afiambram-se à edp e nós "ah, pois, 'tá bem, OK..." e vai de fazer vénias e esperar não expor muito as vergonhas.

terça-feira, 20 de março de 2012

Valha-me um curral de vacas sagradas!

O meu pai quer ir correr comigo...

segunda-feira, 19 de março de 2012

A problemática do Marsupial

Como Raquel, acordando atarantada e num estado próximo ao de pânico com o estrépito troar da pirotecnia rural por um qualquer São Teotónio das Lanzinhas, com voz roufenha a desenhar-lhe o aborrecimento, sono remelado a colar-lhe as pálpebras e de si para si, diz: "OOHHH!, Porquê iogurtes?!"

(e vocês perguntam-me: "Raquel, o que tem o título a ver com o texto?". E eu aniquilo-vos a questão com o bom senso: chamar "iogurtes" a foguetes, é como tentar enfiar os marsupiais nos Mamíferos: não encaixa)

sábado, 10 de março de 2012

1+1

Há uma coisa que me apoquenta imenso. Crava-me rugas na testa, pesa-me no peito, tinge-me o quotidiano de tons monocromáticos, e é raro o dia em que mal me tenha acordada e funcional, não arqueie o sobrolho de preocupação por Lucy e Djaló ainda não terem nome para a nova aquisição do clã.
Quando soube deste facto pelas páginas duma revista, não pude de deixar de gritar para as mesmas um "Maria da Luz" ininterrupto, na esperança vã de que os inquietos pais me escutassem. (Escusado será dizer que no mesmo instante tentaram alterar-me a consulta de ortopedia pela qual esperava por uma de psiquiatria, e só a explanação do facto e sensatez dos agentes de saúde me conseguiu safar.)
Este nome só tem vantagens: depois de uma Lyonce Viiktorya, nada melhor do que um nome que "não [sendo] um encanto, é cá da terra e tem, tem muito encanto"; não ofuscaria a nomenclatura da primogénita; e marcava indelevelmente a ida do papá para o Glorioso. Já vi shampoos com "'tantos'" em 1" sem este nível de perfeição.

Todas as semanas passo a vista pelos dois semanários que esta terrinha edita, fértil que ela é em assaltos, simulacros, ajuntamentos; ramboiísse, textos opinativos, e demais palestras subordinadas a temas; vitórias, derrotas e, vai-não-vai, um ou outro empate nas mais diversas modalidades, desde a natação ao xadrez, sem passar pelo jiu-jitsu, o btt e, como não podia deixar de ser, o futebol, com laivos de boccia e de rugby, já para não falar nos desportos motorizados, de tudo quanto é freguesia; convocatórias associativas, publicidade a estabelecimentos comerciais e quadrículas de relax, para o povo não desesperar.

Jamais, com tudo de bom e de mau de que podia estar à espera, conseguiria conceber que estas incursões pelas notícias com cheiro a tinta alterariam quase irreversivelmente a rectidão da linha do raciocínio que me levou a querer ser madrinha da criança do número 12 do Benfica, só para lhe poder dar o nome. Agora, toda eu sou indecisões, e percebo bem a confusão que há-de ir na cabeça daqueles progenitores, que se fazer um filho é fácil, nomeá-lo, é o cabo dos trabalhos!

Para além de tudo -mas mesmo TUDO- o que vem nos jornais, aparece sempre o mítico "este ou aquele tem o prazer de anunciar a morte de fulaninho" (mais coisa, menos coisa, que também nunca atento a isto...). Esta semana levei um soco no estômago, não pelo punho da saudade ou mão da incredulidade pela morte da senhora (que não a conheço bem como 99,99% dos restantes), mas pelo nome que a falecida acarretou nos seus muitos anos de vida.

Luciana, Yannick, venho por este meio -por ser o mais global que me é possível (já tentei gritar para as páginas duma revista e não resultou...)-, atirar achas para uma fogueira já de si perigosa de tão altas que lhe são as labaredas, lançando um "Eufrozina" para o ar.
Se atónita fiquei com esta descoberta, mal refeita ainda estava quando, trémula, volto a página e *zau!*, *bam!* saltam-me às vistas uma Aidina e um Eliziário, este último facilmente transformável em "Eliziária".

Estou tão louca de felicidade que nem respirar consigo! Mas, assim como assim, quem precisa de Oxigénio quando se é invadido por pequenos querubins e papudos serafins a mimarem-nos o ser?