terça-feira, 29 de abril de 2008

R.I.P.

Do alto pende uma corda. Na sua ponta terrena tem um emaranhado de nós. E uma laçada.

Estás num lugar estranhamente calmo, quedo em meio de tons rasgados de cinza ténue e branco, um limbo, onde só de olhos fechados sentes uma brisa que quase não corre, somente acaricia os relevos da cara mais salientes, sem saberes se lhe sentir calor ou frio.
O silêncio...
As sobrancelhas desenham-te desconfiança no rosto, e quando quase toda ela não te cabe aí dentro, crescendo, crescendo, inclina-te a cabeça para um dos lados, crescendo, crescendo, transborda num impacto, no abrir dos olhos, numa inspiração descompassada.
Do teu lugar, ergues os olhos levando por arrasto a cabeça, mas não em súplica. Por saberes o que vais encontrar e o medo que isso te traz, traços de preocupação envolvem-te a expressão. Os planos vão aparecendo, somando-se, e eis que o todo é visível. Suspenso, aparece o teu corpo, vês o teu corpo a balançar ao som do gemido da corda que o mantém a meio termo entre o alto e o chão. Frio, pálido, quase translúcido, é um pedaço de ti que morreu. Ao lado deste, e já quase não conseguindo ver o início da fiada de cordas penduradas, vão surgindo os corpos diáfanos que as completam. Uns atrás dos outros, atrás dos outros...
Sobes perto deste último -tão perto que sentes ser possível reanimá-lo com um só sopro!-, e procuras fibras, impressões, provas, não que incriminem quem aqui o pôs, mas que o ilibem. Guardas tudo só para ti, para que mais ninguém saiba, tão bem escondido, que até tu corres o risco de as esquecer. Continuas a pensar com o coração sua tonta!, continuas a achar que ele pode tudo, e que acaba por ganhar. Continuas a exigir-lhe demais... Já está fraquinho, toma cuidado!...
Pousas as mãos, uma em cada peito, um frio, um quente, e sentes um bombear. Num reflexo comandado pelo receio de te aperceberes em qual delas é, tiras as mãos, como o dedo que se afasta da agulha onde se picou, juntas uma à outra, e o frio difunde-se no calor, e o calor perde forças junto ao frio, e voltas a ser tu, num soluço do tempo, na realidade de todos, perdida no meio duma rua, descontinuando os pingos da chuva que não chegam ao chão, encharcada de ponta a ponta, no dia em que o tempo se compadece contigo, te lava a cara ou te esconde as mágoas...





segunda-feira, 28 de abril de 2008

Dúvida III

Se conseguíssemos pesar a carga de uma caneta, só a tinta mesmo; pesássemos um caderno em branco; depois tarássemos a balança com ele; gastássemos a dita carga só naquele caderno, e no final voltássemos a pesar, obteríamos o peso da carga?

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Coisas dignas de nota

Piropo do dia: "Ei oube lá!!! Que me casava agora..." (do dia? Do dia só porque o ouvi hoje, porque tem gabarito para ser "piropo do ano", pelo menos! Eu acho que está genial...)

Frase do dia: "Eu tenho alunos que ajoelham!" (e o que acontece a quem ajoelha? Tem que rezar, pois...)
E agora aliar esta "frase do dia" a uma outra de há uns dias atrás (ditas pela mesma pessoa, ou seja a minha Prof. das práticas de Bioestatística): "Eu já vi gente no gabinete do Prof. Pedro Lago a fazer muita coisa, mas nunca a tirar dúvidas!" (é que... quer dizer, convenhamos não é?... nem comento...)

Está agora percebido porque é que ainda não fiz Bioestatística, não está? É que eu não compactuo com certo e determinado tipo de situações! Exames, 'tá bem; frequências, 'tá melhor; prendas de aniversário (*), OK, apanharam-me nesta; mas mais que isto, ai não não!


(*) Serve o presente (asterisco, entenda-se), e isto não tem nada a ver com o dia de hoje, mas encaixa aqui na "conversa", para vos confessar uma coisa que certamente não devia e da qual muito provavelmente me irei arrepender para o resto da vida, porque: a) tenho (tinha) uma reputação a defender e b) pela minha própria integridade. É certo que no final estarão ambas de rastos e, pior que isso, a ser pisadas por vós! E com este "vós" refiro-me a pessoal que nunca esteve em Biologia, pelo que lhe falta um certo nível de compreensão para estas coisas. E eu bem o sei, porque tive uma óptima escolinha, que se deu pelo nome de MATec (e que, por conseguinte, espero misericórdia da vossa parte).
Ora, que nesses tempos então, eu, não sendo a única, sentava nas aulas mais atrás que o possível, de modo que uma de duas coisas acontecia: ou não se via para o quadro, à conta da miopia, das cabeças à frente, e/ou da letra feita macacos histéricos em galhos pela altura do cio, do Professor (atentem na virgula, e deixem-se de palermices...); ou não se ouvia nada do que o senhor dizia. Nesse tempo, a opção "mudar de mesa" não entrava sequer na equação ponderativa, e a nossa capacidade de desenrascar levava-nos a arrastar a mesa de um lado para o outro se queríamos ver (sem grandes resultados, digo desde já, porque para além de dar nas vistas o facto de estarem numa sala enorme meia dúzia de pessoas, o facto de 3/4 dessa meia-dúzia (que desta vez não tem necessariamente que ser 6), estarem sentados nas 1ª. e 2ª. filas, o facto de se seguirem 3 filas de mesas e cadeiras vazias, às quais se seguiam duas parvalhonas na galhofa quase encostadas ao fundo da sala, digamos que arrastar uma mesa e respectiva cadeira connosco em cima, não é propriamente uma operação silenciosa...); ou então passávamos a aula a perguntar alternadamente "Consegues ver?", "O que diz ali?", "Ele 'tá a falar de quê?!", (e a minha favorita): "-Piersen, -Huh?!, -
Piersen!, HUH?!, -PI ER SEN!, -Pearson?! Não sabias ter dito logo que era o filho da pêra?!!!"....
Agora, que me encontro há mais anos neste em-tudo-diferente curso, do que naquele que mais me marcou, tenho a tendência para me sentar à frente, e chego mesmo a estar atenta nas aulas! E esta "eu" foi apanhada desprevenida aqui há uns dias... (e não, não estou a falar do triste episódio do lápis enfiado pela t-shrit adentro, ao qual eu espero que ninguém tenha assistido, e que daqui a pouco mais que nada não passe de um mito urbano...). Abreviando a coisa, tudo isto: os já três anos no meio daquele povo, as aulas nas filas da frente, e a Bioestatística arrastada, resultou numa prenda de anos para o sobejamente conhecido Pedro Lago. Sim, reza a lenda que ele também faz anos, (e diz que este ano foram 60)... Por incrível que pareça, o meu maior medo não residiu no facto de tentar sub*cof*ornar*cof* um Professor, mas sim em eu ter a idade que tenho, andar na Faculdade, e ainda conseguir ter comportamentos deste tipo. Acresça-lhe igualmente o facto de o próprio do aniversariante dizer que num dia de calor vai fazer questão de dar uma aula com a dita prenda, que não foi mais que uma tanga de veludo com estampado de leopardo! xD Peço desculpa... não resisti x'D *parvalhona* Foi nada!!! Foi uma t-shirt com uma tira do Calvin & Hobbes estampada! Mas ainda assim tenho medo, porque é uma t-shirt branca, e a última vez que vi um homem com mais de 30 anos com uma t-shirt branca foi... nunca, suponho eu! E sendo assim, percebem a minha posição, certo? Há comportamentos de risco e comportamentos de risco. E oferecer t-shirts, para mim, já está no topo!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

O Perfume

Acabei de ler "O Perfume". Li-o porque mo recomendaram, porque qualquer pessoa que já o tenha lido só fala bem dele, e li-o porque saiu já-não-me-lembro-quando um filme baseado no livro, e mesmo que não fossem as outras duas razões, quando assim é, gosto primeiro de ler o livro e só depois ver o filme.
Não sei se por ter as expectativas muito altas, não sei se por ter esperado muito tempo para o ler, a verdade é que não gostei. Mas não gostei mesmo nada! A minha opinião vale o que vale, que será pouco mais que nada ou coisa nenhuma, mas senti ser impreterível o facto de circular por aí fora. Porque todas as outras são a favor, e não é para ser do contra que a minha é assim. Conheço até quem o tenha como livro favorito, e eu nem tão-pouco aconselhá-lo-ia. Peço desculpa a todas as pessoas que gostaram do livro ;) Ah! Mas já agora, ainda assim vou querer ver o filme... Com opinião pior não ficarei, e pode ser que venha amenizar um pouco as coisas :P

Já agora também, assim em jeito de curiosidade, vou começar a ler "A Imortalidade", de Milan Kundera. E como sei que há muita gente no meio de nós que gosta de ler, podem aproveitar também para me aconselhar algum livro. Se eu depois não gostar, só digo "mal" do livro, não de vocês ;)

terça-feira, 22 de abril de 2008

Há dias...

Há dias bons. Há dias maus. Há dias assim-assim.
Há dias que começam mal e acabam bem, dias que começam bem e acabam mal. Há dias que mais valia não começarem para nós, e correrem só lá fora, passarem do lado de fora da janela do quarto, enquanto a cama nos guarda a salvo do calendário, do tempo e das intempéries.
Há dias aos altos e baixos, dias aos ziguezagues, dias sem sentido nem direcção, sem rumo, sem se saber porquê, para quê, para onde...
Há dias com barreiras, dias rectos. Há dias com sucessos, dias com fracassos.

Há dias confusos, barulhentos, cansativos. Há dias calmos.
Há dias cinzentos, dias azuis, dias às cores. Há dias quentes, dias frios. Há dias com vento. Dias com Sol, dias com chuva. Dias com Sol e chuva. Dias felizes, dias tristes.
Há dias partilhados. Há dias passados só...
Há dias que passam num instante, dias que se demoram...
Há dias vazios. Vazios de significado, vazios de gente, vazios de carinhos, mimos, afectos. Há dias cheios. De raivas, de medos, de ódios, de negrume envolvendo o coração.
Há dias com choros, dias com nós na garganta, dias com sorrisos. Dias com risos...
Há dias memoráveis, há dias que são só mais um, num acumular de dias que só foram "mais um"...
Há dias que não apetecem. Há dias que se esperam, anseiam. Há dias que nunca chegam, dias que nunca voltam...

Há dias tive um dia que salvou parte de mim de uma morte certa, análoga à das fadas que morrem quando uma criança diz "não acredito em fadas", porque eu estava prestes a acreditar no carrasco que ma mataria.

Há dias como o de hoje, que não fosse eu ser a pateta apaixonada que sou (e não me estou a queixar do meu estado), não fosse eu passar pelas ressacas da minha droga, porque são o pior, e custam, e doem, e magoam, e dilaceram a própria carne à força de querer mais e mais e mais, e descompassam o coração, e arrefecem o sangue, e turvam os olhos, e travam a voz trémula na garganta, e teria sido maravilhoso!
Meia dúzia de pessoas (mesmo meia dúzia, daquelas em número de 6) tocaram nele tão sub-repticiamente, que para elas foi ao de leve ou menos que isso, mas que para mim, valeu um quase dia inteiro! Hoje não fui invisível nem ignorável, hoje deliciei-me com um elogio, esse género de tropeção do qual nunca me equilibro, não fosse eu nunca saber reagir a eles, quanto mais acreditar-los!, e que hoje valeu uma aura nova, um catapultar para longe o peso cá de dentro que me curvava, um "afinal estou aqui, e existo, e sou, e há quem me veja!", e um passo em frente seguro e sem cambalear.

Há dias, como o de hoje, em que sabendo o que se quer e não o tendo, contentámo-nos com piquices. Enquanto esperamos o dia em que a piquice ganhe asas e robustez, e nessa mutação chegue a nós pela mão de quem faz os dias começarem e acabarem num trejeito de boca inviolável, imutável, eterno enquanto dura até à ressaca que lhe segue, e que nos estampa uma felicidade invejável na cara.


E há o denominador comum, a entidade suprema e reguladora de todos os dias e todas as noites... Que é o que os faz ser como são; quer seja bons, quer sejam maus...

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Perrices

Hoje, deu-me a saudade de ser chavalita e fazer perrice... Mais do que um amuo, uma birra mesmo! (entenda-se, a saudade de ser chavalita blá blá blá, não a vontade perante algo, de fazer perrice (que é tão somente a coisa que eu mais abomino nos putos)...). Mas acho que é um dos poderes que se perde com a idade. (Isso e o andar ao colo. Tenho, não raras vezes aliás, saudades de andar ao colo...).

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Borboletas


"I get the tingles in a silly place..."





It starts in my soul
And I lose all control
When you kiss my nose
The feelin' shows
'Cause you make me smile
Baby just take your time now
Holdin' me tight

terça-feira, 15 de abril de 2008

Montanha Russa

Arranquem
ao meu calendário...
estes dias

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Personality Test

Para continuar com o post dos engenheiros que alguém ja fez....

A psychology student was to help a professor in conducting a personality test. The room was set up with various props in order to move through the assessment quickly. The first person to enter the room started through the test.

“How does this glass of water look to you?”

Person 1: It is half empty.

Student writes ‘pessimist’ in his report.

Person 2 enters the room. “How does this glass of water look to you?”

Person 2: It is half full.

Student writes ‘optimist’ in his report.

Person 3 enters the room. “How does this glass of water look to you?”

Person 3: Looks like you have twice as much glass as you need there.

The student looks totally blank and goes to consult with the professor.

“Oh them!”, the professor says, “I forgot to warn you about the engineers! They have no personality.”

terça-feira, 8 de abril de 2008

Rua Sésamo

É com um orgulho ímpar, ao qual sei que o vosso se juntará, que vos venho dizer que a Rua Sésamo vai estar em digressão pelo Portugal! É um daqueles sonhos de miúdos realizado fora de tempo, do género de quando se vai à EuroDisney com 6, 7, 8, 9 anos e se nos extasiam as entranhas quando o Mickey tira uma fotografia connosco. O Poupas, o Gualter, o Monstro das Bolachas (só espero que venha este e não o dos Legumes, que no nosso tempo não havia obesos, e não gosto nada que ponham a culpa no monstrinho azul à conta dos putos que já NÃO vêem a Rua Sésamo serem gordos), o Becas, o Egas, e demais companheiros vêm mesmo cá, agora que já perdemos a capacidade de nos maravilharmos como crianças, perante coisas que pouco mais eram que nada, mas que nos abrilhantavam o sorriso, o dia, a existência.
Isto só me leva a perguntar: qual será o público alvo? A miudagem de Bob, O Construtor e Noddy, que nunca ouviu falar de outra rua que não a deles? A pitalhada de Morangos com Açucar, mais a sua idade de aparvalhar tudo? Ou nós, única geração que se aproveita por saber o que é bom e por ter tido a melhor infância delas todas? Não consigo imaginar se não salas de espectáculos com gentes dos seus 20 e muitos, quase 30's, com sorrisos palermas e olhinhos de cachorrinho mimalho enquanto o Poupas passa de skate, ou uma qualquer "Alexandra Lencastre" (como era o nome da personagem dela? Tenho ideia de Guiomar. Isto já é a demência a tomar conta de mim, ou ainda tenho vivo um neurónio dos tempos idos?) conversa com o Ferrão no seu pipo de madeira, ou o Conde de Contarrr os volta a ensinar que 2+2 é sempre igual a 4, por mais que a vida às vezes queira incutir o contrário.
De mais a mais, convém só referir, porque é de facto um dado digno de nota, que este espectáculo está em digressão há 28 anos!!! Já não nos faz sentir tão cotas, pois não? :D


Queria pôr aqui como banda sonora a abertura da Rua Sésamo, mas não encontrei só a música, e o vídeo já por aí anda no blog. Mas fui então procurar outro vídeo que pudesse ilustrar a nostalgia. E encontrei um, de que certamente todos se lembraram. Não o vou pôr aqui (e a razão para tal é muito simples: vê-lo agora ia-nos puxar muito pela palermice a tender para a ordinarice, e tal não era bonito, numa postagem tão enternecedora quanto esta), mas convido-vos todos a vê-lo, quanto mais não seja, para 1º., recordarem; 2º., apalermarem à vossa vontade por conta própria; e 3º., verem-se forçados a concordar com o pensamento que se me ocorreu aquando do visionamento: agora muita coisa passou a fazer sentido... Foram ensinadas assim em pequeninas...

segunda-feira, 7 de abril de 2008

The girl with the broken smile...

Beauty queen of only eighteen
She had some trouble with herself
He was always there to help her
She always belonged to someone else

I drove for miles and miles
And wound up at your door
I’ve had you so many times but somehow
I want more

I don’t mind spending everyday
Out on your corner in the pouring rain
Look for the girl with the broken smile
Ask her if she wants to stay awhile
And she will be loved
And she will be loved

Tap on my window, knock on my door
I want to make you feel beautiful
I know I tend to get so insecure
It doesn’t matter anymore

It’s not always rainbows and butterflies
It’s compromise that moves us along
My heart is full and my door’s always open
You can come anytime you want

I don’t mind spending everyday
Out on your corner in the pouring rain, oh
Look for the girl with the broken smile
Ask her if she wants to stay awhile
And she will be loved
And she will be loved
And she will be loved
And she will be loved

I know where you hide
Alone in your car
Know all of the things that make you who you are
I know that goodbye means nothing at all
Comes back and begs me to catch her every time she falls

Tap on my window, knock on my door
I want to make you feel beautiful

I don’t mind spending every day
Out on your corner in the pouring rain
Look for the girl with the broken smile
Ask her if she wants to stay awhile
And she will be loved
And she will be loved
And she will be loved
And she will be loved

Please don’t try so hard to say goodbye
Please don’t try so hard to say goodbye

I don’t mind spending everyday
Out on your corner in the pouring rain

Please don’t try to hard to say goodbye

quarta-feira, 2 de abril de 2008

"É grave Sr. Dr.?"



Pobre pequeno Dilbert... xD *assobio*