Há dias bons. Há dias maus. Há dias assim-assim.
Há dias que começam mal e acabam bem, dias que começam bem e acabam mal. Há dias que mais valia não começarem para nós, e correrem só lá fora, passarem do lado de fora da janela do quarto, enquanto a cama nos guarda a salvo do calendário, do tempo e das intempéries.
Há dias aos altos e baixos, dias aos ziguezagues, dias sem sentido nem direcção, sem rumo, sem se saber porquê, para quê, para onde...
Há dias com barreiras, dias rectos. Há dias com sucessos, dias com fracassos.
Há dias confusos, barulhentos, cansativos. Há dias calmos.
Há dias cinzentos, dias azuis, dias às cores. Há dias quentes, dias frios. Há dias com vento. Dias com Sol, dias com chuva. Dias com Sol e chuva. Dias felizes, dias tristes.
Há dias partilhados. Há dias passados só...
Há dias que passam num instante, dias que se demoram...
Há dias vazios. Vazios de significado, vazios de gente, vazios de carinhos, mimos, afectos. Há dias cheios. De raivas, de medos, de ódios, de negrume envolvendo o coração.
Há dias com choros, dias com nós na garganta, dias com sorrisos. Dias com risos...
Há dias memoráveis, há dias que são só mais um, num acumular de dias que só foram "mais um"...
Há dias que não apetecem. Há dias que se esperam, anseiam. Há dias que nunca chegam, dias que nunca voltam...
Há dias tive um dia que salvou parte de mim de uma morte certa, análoga à das fadas que morrem quando uma criança diz "não acredito em fadas", porque eu estava prestes a acreditar no carrasco que ma mataria.
Há dias como o de hoje, que não fosse eu ser a pateta apaixonada que sou (e não me estou a queixar do meu estado), não fosse eu passar pelas ressacas da minha droga, porque são o pior, e custam, e doem, e magoam, e dilaceram a própria carne à força de querer mais e mais e mais, e descompassam o coração, e arrefecem o sangue, e turvam os olhos, e travam a voz trémula na garganta, e teria sido maravilhoso!
Meia dúzia de pessoas (mesmo meia dúzia, daquelas em número de 6) tocaram nele tão sub-repticiamente, que para elas foi ao de leve ou menos que isso, mas que para mim, valeu um quase dia inteiro! Hoje não fui invisível nem ignorável, hoje deliciei-me com um elogio, esse género de tropeção do qual nunca me equilibro, não fosse eu nunca saber reagir a eles, quanto mais acreditar-los!, e que hoje valeu uma aura nova, um catapultar para longe o peso cá de dentro que me curvava, um "afinal estou aqui, e existo, e sou, e há quem me veja!", e um passo em frente seguro e sem cambalear.
Há dias, como o de hoje, em que sabendo o que se quer e não o tendo, contentámo-nos com piquices. Enquanto esperamos o dia em que a piquice ganhe asas e robustez, e nessa mutação chegue a nós pela mão de quem faz os dias começarem e acabarem num trejeito de boca inviolável, imutável, eterno enquanto dura até à ressaca que lhe segue, e que nos estampa uma felicidade invejável na cara.
Há dias que começam mal e acabam bem, dias que começam bem e acabam mal. Há dias que mais valia não começarem para nós, e correrem só lá fora, passarem do lado de fora da janela do quarto, enquanto a cama nos guarda a salvo do calendário, do tempo e das intempéries.
Há dias aos altos e baixos, dias aos ziguezagues, dias sem sentido nem direcção, sem rumo, sem se saber porquê, para quê, para onde...
Há dias com barreiras, dias rectos. Há dias com sucessos, dias com fracassos.
Há dias confusos, barulhentos, cansativos. Há dias calmos.
Há dias cinzentos, dias azuis, dias às cores. Há dias quentes, dias frios. Há dias com vento. Dias com Sol, dias com chuva. Dias com Sol e chuva. Dias felizes, dias tristes.
Há dias partilhados. Há dias passados só...
Há dias que passam num instante, dias que se demoram...
Há dias vazios. Vazios de significado, vazios de gente, vazios de carinhos, mimos, afectos. Há dias cheios. De raivas, de medos, de ódios, de negrume envolvendo o coração.
Há dias com choros, dias com nós na garganta, dias com sorrisos. Dias com risos...
Há dias memoráveis, há dias que são só mais um, num acumular de dias que só foram "mais um"...
Há dias que não apetecem. Há dias que se esperam, anseiam. Há dias que nunca chegam, dias que nunca voltam...
Há dias tive um dia que salvou parte de mim de uma morte certa, análoga à das fadas que morrem quando uma criança diz "não acredito em fadas", porque eu estava prestes a acreditar no carrasco que ma mataria.
Há dias como o de hoje, que não fosse eu ser a pateta apaixonada que sou (e não me estou a queixar do meu estado), não fosse eu passar pelas ressacas da minha droga, porque são o pior, e custam, e doem, e magoam, e dilaceram a própria carne à força de querer mais e mais e mais, e descompassam o coração, e arrefecem o sangue, e turvam os olhos, e travam a voz trémula na garganta, e teria sido maravilhoso!
Meia dúzia de pessoas (mesmo meia dúzia, daquelas em número de 6) tocaram nele tão sub-repticiamente, que para elas foi ao de leve ou menos que isso, mas que para mim, valeu um quase dia inteiro! Hoje não fui invisível nem ignorável, hoje deliciei-me com um elogio, esse género de tropeção do qual nunca me equilibro, não fosse eu nunca saber reagir a eles, quanto mais acreditar-los!, e que hoje valeu uma aura nova, um catapultar para longe o peso cá de dentro que me curvava, um "afinal estou aqui, e existo, e sou, e há quem me veja!", e um passo em frente seguro e sem cambalear.
Há dias, como o de hoje, em que sabendo o que se quer e não o tendo, contentámo-nos com piquices. Enquanto esperamos o dia em que a piquice ganhe asas e robustez, e nessa mutação chegue a nós pela mão de quem faz os dias começarem e acabarem num trejeito de boca inviolável, imutável, eterno enquanto dura até à ressaca que lhe segue, e que nos estampa uma felicidade invejável na cara.
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