É sabido que eu não ando de autocarros. Não gosto. Raras são as vezes em que me posso sentar, e delizo por conseguinte dum lado para o outro qual bola de pinball; a atmosfera é pesada, com todas as respirações aprisionadas contra os vidros, já para não falar do resto que, no Verão, se desoprime dos corpos, (e no Inverno fica-se mais molhada numa viagem de autocarro do que a mesma viagem feita a pé, tantos são os roçares de guarda-chuvas e sacos das embalagens de café, e casacos e... gente...); é muito toque para aqui e para ali, que às tantas já não sei se me preocupar com a carteira se com a dignidade... Há, no entanto, é certo, as teorias das mulheres arreigadamente Portuenses, com todo o respeito, tripeiras mesmo, que nas manhãs se destravam, e a alto e bom som que é, afinal, o único tom de voz que conhecem, falam para todo o autocarro ouvir. Delicia-me, é um facto. Quase que me faz esquecer o resto, também. Mas lá acabam por sair umas paragens antes da minha, e lá vou eu mal-humorada o resto da viagem.
Há depois os motoristas... Há aqueles que têm o seu mundo aparte tudo resto. Um casulo protector que os defende das iniquidades alheias, único escudo que lhes permite levar o dia em diante. Há outros que têm na resinguice, mau-humor e derivados, a couraça que respinga à mínima coisa. Há ainda o meio-termo, homens que felizes com o emprego que têm, metem conversa, conhecem todos os senhores António's, Anselmo's e Manéi's, todas as donas Maria's, Joaquina's e Guilhermina's, fiéis ao serviço daquela linha, cuja esposa "está melhor, muito obrigado, graças a Deus, já anda mas ainda devagarinho, mas o xô tor disse que levava o seu tempo", cujo marido "teve outra crise renal, como me custa vê-lo assim, que nem para a feitura das precisões tem sossego", cujo cunhado da prima da vizinha "já se meteu outra vez por maus caminhos, e desta vez arranjou uma cachopa que é tão ou pior que ele", "que os meus dois netinhos, que riqueza, já saem do hospital amanhã, coitadinhos, tão pequeninos que eles eram, mas agora com as técnicas que eles têm, correu tudo bem, muito obrigada por ter perguntado".
E depois, há aqueles que só mesmo a mim...
Quis a inteligência de algum iluminado, algures no passado da história, inventar as faixas de BUS, porque a) premeia quem escolhe os transportes públicos face à viatura própria, e b) ajuda ao fluir do tráfego, que os monstrinhos dos autocarros não andam a criar fila a atravancarem tudo. Quis no entanto Deus Nosso Senhor, quando a distribuiu, que a dita inteligência não fosse para todos. Azar o meu, ora pois mas com certeza, que o último motorista que me saiu na rifa tivesse disfarçado de banana aquando da dita distribuição, e assim tenha perpetuado ad aeternum.
Eu até tive a sorte de arranjar lugar sentada. O autocarro até estava, pode-se pôr nestes termos, vazio. Não havia velhas, nem cheiros, não estava calor nem chuva, somente a minha pressa e eu numa viagem que se queria curta e rápida. E não é que, com a porcaria da faixa dos BUS mesmo ali ao lado e vazia, o desgraçado do motorista se mete pela outra?! E, pior!, não é que chegados a uns semáforos, está vermelho para os carros e verde para os BUS, e ficamos nós ali parados, e todos os outros BUS a passarem por nós, um carro da BT, inclusivé, toda a gente a rir-se do "200 Bolhão"?!
Ele há coisas que, de facto, só a mim... Sinceramente!
Há depois os motoristas... Há aqueles que têm o seu mundo aparte tudo resto. Um casulo protector que os defende das iniquidades alheias, único escudo que lhes permite levar o dia em diante. Há outros que têm na resinguice, mau-humor e derivados, a couraça que respinga à mínima coisa. Há ainda o meio-termo, homens que felizes com o emprego que têm, metem conversa, conhecem todos os senhores António's, Anselmo's e Manéi's, todas as donas Maria's, Joaquina's e Guilhermina's, fiéis ao serviço daquela linha, cuja esposa "está melhor, muito obrigado, graças a Deus, já anda mas ainda devagarinho, mas o xô tor disse que levava o seu tempo", cujo marido "teve outra crise renal, como me custa vê-lo assim, que nem para a feitura das precisões tem sossego", cujo cunhado da prima da vizinha "já se meteu outra vez por maus caminhos, e desta vez arranjou uma cachopa que é tão ou pior que ele", "que os meus dois netinhos, que riqueza, já saem do hospital amanhã, coitadinhos, tão pequeninos que eles eram, mas agora com as técnicas que eles têm, correu tudo bem, muito obrigada por ter perguntado".
E depois, há aqueles que só mesmo a mim...
Quis a inteligência de algum iluminado, algures no passado da história, inventar as faixas de BUS, porque a) premeia quem escolhe os transportes públicos face à viatura própria, e b) ajuda ao fluir do tráfego, que os monstrinhos dos autocarros não andam a criar fila a atravancarem tudo. Quis no entanto Deus Nosso Senhor, quando a distribuiu, que a dita inteligência não fosse para todos. Azar o meu, ora pois mas com certeza, que o último motorista que me saiu na rifa tivesse disfarçado de banana aquando da dita distribuição, e assim tenha perpetuado ad aeternum.
Eu até tive a sorte de arranjar lugar sentada. O autocarro até estava, pode-se pôr nestes termos, vazio. Não havia velhas, nem cheiros, não estava calor nem chuva, somente a minha pressa e eu numa viagem que se queria curta e rápida. E não é que, com a porcaria da faixa dos BUS mesmo ali ao lado e vazia, o desgraçado do motorista se mete pela outra?! E, pior!, não é que chegados a uns semáforos, está vermelho para os carros e verde para os BUS, e ficamos nós ali parados, e todos os outros BUS a passarem por nós, um carro da BT, inclusivé, toda a gente a rir-se do "200 Bolhão"?!
Ele há coisas que, de facto, só a mim... Sinceramente!
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