sábado, 30 de junho de 2007

Estou triste...



Porque hei-de continuar a chorar por ti.

Porque o vento arranca bocados salgados da face depois de os olhos sucumbirem ao peso das lágrimas.
Porque a luz do Sol que bate na cara não aquece.
Porque doer continua a custar.
Porque as desculpas não chegam para acalmar.
Porque não mereço os teus braços em abraços perpétuos.
Porque me despi e fiquei com frio, e não me agasalhaste.
Porque me despojei de armas numa batalha mortal, e esperei por clemência. E perdi.
Porque a força que temos, que vamos buscar onde nunca estivemos, no retalhar de pedaços de nós a sangue-frio, não chega para apagar um passado infame.
Porque estes braços não podem com o Mundo, num acesso titânico de vontade de o fazer andar para trás.
Porque hão-de continuar a surgir no caminho tropeções a cujas histórias farás falta.
Porque as palavras já não servem para nada.

Porque o espelho não me mostra quem eu quis ser.
Porque os pecados mortais não são os que nos levam ao Inferno, antes trazem-no-lo a nós e as labaredas queimam-nos o ser, o fogo flamejante emproa-se e inflama com os erros que os cometem, cravados à machadada na natureza dissecante de uma humanidade delituosa por defeito.
Porque hei-de continuar a chorar por ti…

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