terça-feira, 22 de novembro de 2011

De volta à Fisiologia

Aula de Histofisiologia Animal. Tema: Sistema Reprodutor e Sistema Urinário (que não vai importar para o caso). Modelos à escala (em plástico... [tem prós e contras, mas não vamos entrar por aí]) para ver e desconchavar, e tudo e tudo e tudo.

Várias coisas podem acontecer numa aula do género, porque se uns de nós já cresceram (consta que os há, não sei. Para mim, é mito), outros há que, ainda que não tendo crescido, conseguem disfarçar muito bem, e mais ainda há daqueles que têm o risinho nervoso fácil, e ver o aparelho reprodutor do sexo oposto em moldes de plástico mexe-lhes com, quiçá, a própria genitália.

Parecia tudo muito calmo, quando de repente, momento de puro pânico: um jovem macho pega no seu aparelho -salvo seja-, e fica perdido sem saber onde está o testículo. O tio Freud deve ter dado 20 ou 30 cambalhotas na tumba, pois que este menino já há muito passou dos 3/ 6 anos e não explorou o suficiente. Eu própria fiquei parvinha de todo, porque até eu já estive no 8º. ou 9º. ano, e se não fosse por mais nada, só por aí já sabia, que bem sei que ensinam.

Mas aquilo lá passou (pode parecer mentira, mas a Professora foi lá para a beira dele explicar-lhe tudinho), e eis que o dito aparelho me chega às mãos. Lá deixei a minha curiosidade mexer à vontadinha, que se há coisa de que eu gosto, é do conhecimento, e sempre ouvi dizer que se vê bem melhor com a ponta dos dedos (fui parvalhona, mas a verdade é que estes modelos dão para abrir tudo e mais alguma coisa, que mais realista só mesmo se sacassemos um dito cujo ao seu dono. E ninguém quer isso...). Perdida que estava (porque às vezes perco-me, nada de particularmente excepcional devido à situação...), sinto alguém chegar-se à minha beira e por lá a quedar-se. Pensei "Raquel, deves-te estar a portar mal..." Afastei de mansinho as mãos da coisa e olhei de soslaio sobre o meu ombro. Ao meu lado estava uma jovenzita (que na semana passada, e tendo nós um protocolo que tem tanto de simples como de espectacular para se "ver" as válvulas venais, me disse horrorizada "ai, veias, não! Faz tu sozinha que eu não posso com veias!"), me pergunta "Posso ver também?" Rodei a cadeira, fiquei de frente para ela e disse-lhe: "Primeiro, não gosto de partilhar; segundo, OLHA QUE ISSO TEM UMA VEIA MUITO GRANDE!!! Vê lá que ela não te faça mal..." Pus-me a andar dali para fora, porque se é verdade que sou egoísta, não é menos verdade que a Professora já me tinha assustado o suficiente quando explicou toda incompreensivelmente excitada que dos milhões (milhões!) de oócitos que temos no nosso 4º./ 5º. mês de vida intra-uterina, restam-nos umas poucas centenas (poucas!) até à menopausa, e o relógio começou a tique-taquear, e eu estava ali num momento íntimo, circunspecto, a explorar a coisa, e há alturas em que uma gaja não deve ser importunada, sob pena de reagir mal, ora pois claro.

De ressalvar também, foi o interesse demonstrado pela classe XY no número 3 do modelo feminino que não era nada mais nada menos que o clítoris. Folgo em saber que todos tomaram nota da coisa e que os meninos da minha turma estão a fazer-se homens à séria e que acontecendo que não se saiba onde é o testículo, já não se perde tudo!
O ponto G, é que não vinha indicado. Mas também, deixemos qualquer coisa para trabalho de casa, a Faculdade não é a Escola Primária, a papinha não vem toda feita. Sejam cientistas, investiguem!

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