sábado, 13 de janeiro de 2007

Saco de pancada

Sou eu a única a surpreender-me negativamente com as pessoas? Sou eu a única a aparvalhar de estupefação perante as coisas? Sou eu a única a chorar de raiva por quem detesto? Serei eu a única que ainda não aprendeu, e que no fim sai sempre magoada?

Porque hei-de continuar sempre a dar o benefício da dúvida, porque não é isso que magoa, e porque não mo vais levar na enxurrada de coisas a esquecer, e nem o vais encobrir com a carapaça dura que moldas com a tua presença; porque hei-de continuar a gostar das coisas boas da vida; porque vou ser capaz de esquecer e não olhar para trás sequer!, desaparece da minha vida. Não te atrevas a vir, a estar, a ser. Guarda os sorrisinhos hipócritas contigo. Guarda as vontades poucas para ti e para quem mais te quiser. Porque eu, ignorar-te-ei com o mesmo afinco com que se despreza a ponta do cigarro fumado que se calca no passeio. E a raiva há-de morrer bem depressa, juntamente com o afogar da lembrança de que em tempos desperdicei o meu sorriso, as minhas horas, a minha felicidade, contigo.

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