segunda-feira, 28 de maio de 2007

O primeiro engenheiro era Português

Dissertação a modos que explicativa do porquê do facto mais coerentemente aceite dever ser, e sê-lo sem margem para dúvidas, que o primeiro engenheiro foi Português (e que por conseguinte, ainda ficou em alguns réstias dessa aptidão que a selecção natural mais afoita se recusou a apagar, e que ainda hoje co-habitam connosco). Esqueçam as empreendedoras e desafiantes Pirâmides do Egipto. Esqueçam as colossais obras dos Romanos. Esses, todos eles, meros amadores face ao Português. Senão, vejamos este exemplo de graciosidade no cometimento de capacidades empreendedoras: Domingo à tarde tardinha, local: parque de estacionamento de um hipermercado dos subúrbios, espécie observada: o macho luso num habitat onde se sente rei e senhor. Aspectos característico do dito cujo: pancinha redonda, barba farfalhuda e o apetrecho de índole e cariz “cativar a fêmea”, o bigodinho. De mais a mais, e face aos upgrades verificados pela espécie, este ser vê-se munido da às-vezes-muito,-outras-nem-por-isso-(que até era o caso)-cobiçada viatura. Para melhor visualização, soa ser necessária esta informação: esse grandioso meio de transporte era um Opel Corsa de mil-nove-noventa-e-um, assim num tom vermelho-rouge fogo-fire do pôr-do-sol nas Montanhas Vermelhas, Sport quiçá, XPTI e 6 pujantes cavalos. Qué que sucede? Ora o macho, latino, vigoroso, possante, encontra-se com a porta do condutor aberta, a porta traseira do lado do condutor aberta e a mala aberta. Verificando-se tal aparato, convém mesmo é observar a obra realizada. *Estaca na traseira da viatura, mãos nas cruzes como que a impelir ainda mais (se possível fosse), a barriga proeminente para o infinito mais próximo e aahhhh, expressão de satisfação* Mas, que diacho, isto assim não dá para muito. *Coçar a tomateira* Baixar o banco traseiro é que era! Dito e feito. Opel Corsa conversível, mais rápido que o 207 a pôr a capota para dentro, pumba, bancos traseiros deitados. *Ph*da-se… ‘Tá qu’é um luxo!* De volta à posição “barriga para fora doa a quem doer”, depara-se com o “qualquer coisa tinha que correr mal” digno de qualquer empreendimento! A caixa-canivete-suiço-mochila-do-Billy-The-Kid, ainda por tirar do cartão, por estrear, ainda como veio da loja, e que na altura ia dar um jeitaço!, está a empancar um quanto o esquema. Solução instantânea: *coçar a tomateira*. Resolução do problema: desviar a caixa. Diacho… Que ‘tá difícil de se mexer a dita! (coisa até compreensível dado que os bancos chegam a pesar, e uma mão no bolso e outra a empurrar a caixa, não dá para o gasto…) Mais coisa menos coisa, mais luta menos luta, mais palavrão, mais palavrão ainda, a p*#@ lá acaba por ir ao sítio. *Orgulho* Aaahhh… Agora é que ‘tá! *Especação a admirar a obra*. E indagam-se vocês: “Tudo isto, para quê?” Ora aí é que está! Demora a saber. Estas coisas demoram! Então, um gajo ‘tá ali a dar-lhe no duro, não é assim para ficar tudo ostentado dum momento para o outro, em bom abono do regozijo alheio! Demorou. A verdade é que demorou, e se demorou para mim, para vocês não há-de ser diferente… Confesso que tudo me passou pela cabeça, algumas coisas das quais, relacionadas com o porquê do esforço do senhor, mas nenhuma como que a que viria aí. A gaja do homem, toda sorrisos, toda ela alegria personificada, toda ela brilho nos olhos, aprochega-se com um jovem macho da mesma espécie, mas da classe “trabalhadores de hipermercados” (não desfazendo). Pelas mãos do jovem é empurrado um carrinho com um caixote em cima. E o que é que estava no caixote? (e que a esta hora há-de ter tido melhor sorte que a caixa-canivete-suiço-mochila-do-Billy-The-Kid, que já há-de ter sido rasgada e pendurada e visionada e sonhada com, ao contrário da dita caixa que ainda há-de estar amassada na mala do carro à espera de melhores dias), era pois um ecrã plasma. Um LCD. Um qualquer-coisa todo catita e que faz o mesmo que a minha televisão, só que melhor. Muito melhor. Como se não bastasse a enginheirice empregue na caracterização do Corsinha para o transporte do bicho, ainda tinha que ser preciso pô-la na mala. Ah! Safados! Que só… só… complicam! Ah! Não bastava o carro ser pequeno, não bastava a qualquer-coisa toda catita ser grande, (sinto-me a descambar e a mudar de assunto e isto não é bom. Bonito. Não é bonito…), não bastava sermos totós e mal-ajeitarmos a caixa e amanda-la à base da força bruta lá p’a dentro! Consequência: empancou. O carro, desgraçado, a contorcer-se de padecimento, que é como quem diz, a abanar; o engenheiro-mor a coçar a tomateira, mentira, a pegar numa ponta da caixa feito halterofilista *Aahh, se ao menos eu não tivesse esta barriga*; o jovem imberbe a pensar que era melhor para fora que para dentro. Pancadinhas de amor empregues, lá a qualquer-coisa toda catita foi para dentro da mala, lá o jovenzito voltou ao trabalho com mais uma peripécia para recordar e se rir sozinho, a mulher do macho, ainda toda *purpurinas*, o macho derreado, com o coração ao pinotes, as cruzes e os bicos de papagaio ao barulho, o cóstróle a impacientar o fluxo sanguíneo, o suor desenfreado testa abaixo, e o esquecer momentaneo dos jogos da bola que vai poder ver na qualquer-coisa toda catita e que vão valer o esforço. Isso, e o esquecer também para o resto das refeições de contribuir para o encolhimento da adiposidade inerente à pança.

Só “nós” para proporcionarmos estes espectáculos. Só um macho latino é que especa a olhar para o nada-feito. E se orgulha… Só mesmo aqueles velhos reformados do Porto a especarem para as obras como se fossem perceber daquilo, como se fossem melhorar o Mundo com um simples vislumbre. Só eles para me irritarem quando quero passar na conquista das minhas demandas, e eles estorvam… Só inginheiros. Só aqui…

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