sexta-feira, 9 de maio de 2008

Ensaio sobre a Língua Portuguesa

Claro que o Português é uma língua maravilhosa. A prova é que se um ladrão me roubar eu encontro as palavras necessárias para lhe gritar atrás. Posso é não apanhar o ladrão nem recuperar a mala. Mas mesmo aí, fico com todas as palavras para me queixar, toda a sintaxe para expor, toda a morfologia para descrever a pessoa em causa e o facto ocorrido. E se ninguém me ligar, encontro todas as palavras para me revoltar e para dizer as frases que substituem a batida com a porta.
Lídia Jorge, Sistema Impuro (ensaio sobre a Língua Portuguesa)



Eu sempre achei que a nossa Língua era extremamente rica em palavrões. E o jeitaço que isso dá! Um palavrão na altura certa, quer como insulto, ou simplesmente atirado ao ar em forma de desabafo, tem uma capacidade terapêutica como muitos ansiolíticos deixam a desejar. E eis que descubro que alguém que faz da dita Língua, a sua forma de vida, subscreve o meu ponto de vista. Já ganhei o dia :P

(há um texto fantástico do Miguel Sousa Tavares acerca desta temática (eu não gosto nada do senhor, por isso acreditem que quando digo que o texto é bom, é porque é mesmo bom!). Não o consigo é encontrar em parte nenhuma... Pode ser que um dia destes me volte a surgir às mãos, e nessa altura partilhá-lo-ei.)

Sem comentários: