quarta-feira, 28 de março de 2007

Gu gu dá dá


Não sei se no fim do primeiro ano se dão os primeiros passos se se dizem as primeiras palavras (que não estou muito por dentro da puericultura), mas qualquer uma das duas são grandes conquistas. Ora por aqui nem uma coisa nem outra... Andar, não convém, porque ao que me parece, na internet surfa-se mais do que outra coisa qualquer, e andar na àgua está resevado ao JC, e nós, sem aspirações divinas, ficamos-nos então pelo mesmo sítio. Não estagnados, mas quietinhos :) Primeiras palavras, onde elas já vão!
Portanto, reunidos que estamos a concelebrar este primeiro aniversário deste grandioso *cof*cof* blog, merece somente ser referido esse facto, o de hoje ser o dia em que se assinala que um ano antes, isto tudo começou.
Depois de muito por que se passou, depois de muito que se escreveu, depois de já quase ter acabado e de, por vezes, ter soado a eterno, sem que se ache nele muita razão de ser (porque em termos de feedback, vocês são uma lástima! Isso, ou an-opinativos, que é palavra para não existir, mas que é o que vocês merecem que vo-los chame! :P ), achando que a única falha foi não haver uma postagem em que entrasse a palavra "espanador", e sanada que agora está essa lacuna, continuaremos (eu, pelo menos), cá para as curvas e para as rectas e o que mais se meter no caminho.

Momento Kodak:
e assim tudo começou, muito por causa disto.

terça-feira, 27 de março de 2007

Às vezes apetece é ir para ali...


"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio, Cântico Negro

sábado, 24 de março de 2007

Pessoal do meu bairro, venham cá baixo e tragam os pássaros!

Mentira... Mas lembrei-me dessa grande música dessa grande banda que são os Cebola Mol... O que verdadeiramente quero (para além do 907 que ainda ninguém se dignou a dar-mo...) é que os Matequianos se reunam todos em família à volta desta postagem. Porquê? Muito simples, a colecção "Queima 2006/2007" está aí, mas eu sou de Biologia, e não tenho cota para imprimir isto e pôr no quadro da sala "sempre Matec", para que a votação se faça lá. Agora, das duas, uma. Ou o Topo imprime isto e afixa lá, ou o Topo imprime isto, e afixa lá. Há sempre a hipótese de o Topo imprimir isto e afixar lá, mas não sei se será uma ideia por aí além... De qualquer das formas, eu obrigo o Topo a imprimir isto, e a afixar na sala... Ainda assim, e em primeiríssima mão, aqui estão os esboços, abertos a novas sugestões e a votações. (Mas falando a sério, há mesmo que tratar das coisas que já vai sendo tempo...) Ah! Devo ainda referir que isto foi feito nesse magnífico editor de imagens que é o Paint, daí a qualidade não ser das melhores. Mas acho que se percebem bem, pelo menos, as ideias...

(nota para o Topo: "ph-" lê-se "F", mas o "h" está entre parentises para se poder ler "podes")

quarta-feira, 21 de março de 2007

Começo da Primavera, Dia Mundial da Floresta, Dia da Árvore, e Dia da Poesia (e até parece que não há mais dias no ano... )

São portanto três as coisas que parecem importar salientar neste dia 21 de Março.
Primeiro, o começo da Primavera. Não fosse a era industrial ter dado cabo do clima como os nossos avós conheceram e que nos foi ensinado na escola, e ainda tínhamos quatro estações no ano, sendo que a Primavera chegaria hoje. À falta de melhor, temos então um dia frio, como há muito já não se via sequer no Inverno...
Segundo, Dia Mundial da Floresta e Dia da Árvore, tudo junto que é para não dar tanto trabalho. Já plantei uma árvore em tempos idos. Saldada que está a minha dúvida para com a Natureza, sigamos em frente...
Terceiro, Dia da Poesia. Qual dia melhor para postar poesia? Tenho atirado muitas (algumas) vezes aqui para o blog bosquejos (oupas, que esta palavra saiu-me bem...) de Poesia. Ora hoje como é o Dia da mesma, e porque ela deve ser acessível a todos, pelo que fazem querer parecer, vou-vos prendar com um momento alto na inspiração de Elimar Santos, esse mestre da poesia (embora, para ser franca, nunca tenha ouvido falar dele, a não ser agora que fui perguntar ao tio Google quem tinha escrito este pedaço de sabedoria. Mais uma vez sou sincera, não sei se o senhor escreveu mais, nem tenciono saber. Mas que é um mestre, lá disso ninguém duvida. Mais, peço desculpa por não ser um autor português, mas fui tão apanhada de surpresa quanto vós...) Aqui vai:

Taras e Manias

Quando você vem com essa cara
De menina levada
Para a brincadeira,
Dá-me um arrepio na pele,
Sinto água na boca para ficar com você.

Você não tem um pingo de vergonha,
E todo o homem sonha ter alguém assim.
Realizando minhas fantasias,
Taras e manias,
Você vem p'ra mim...

Uma lady na mesa, uma louca na cama,
Na maior safadeza você diz que me ama.
E na minha cabeça, desvario em loucura
Quando você começa, ninguém mais a segura...

E mexe, remexe,
Se encosta, se enrosca,
Se abre, se mostra p'ra mim.
Me agarra, me morde, me arranha,
Não mude que eu quero você sempre assim...


:') Obrigada aos artistas... E ao Elimar Santos também, já agora...

segunda-feira, 19 de março de 2007

Invincible

Porque sou fã, porque andei 500 mil vezes (no mínimo! *assobio*) n' "O Mundo é Pequeno" na EuroDisney, que tem tudo a ver com isto, e porque muitas muitas vezes, apetece ser invencível. Ah! E também porque o Gnomo das Cuecas referiu este videoclip como sendo fofinho. :P Vejam lá como não anda longe da verdade...


domingo, 18 de março de 2007

Estrelinha da sorte, o tanas!

Estava eu a pensar o que vos contar desta semana transacta, e não encontrava nada digno de nota. E quando assim é, caio no erro de vos mostrar o quão nhec é a minha vidinha, e não é bonito isso... Não é bonito que me saibam utopicamente crente na bondade inerente das pessoas; não é bonito que me saibam sonhadoramente convencida que as saudades de alguém para alguém mexem, não só com quem as sente mas também por quem elas são sentidas; não é bonito que me saibam ilusoruiamente convicta de que não vou sofrer mais, acabando sempre por cometer, os mesmos erros, sempre a pôr anti-sépticos (esta palavra bonitinha só para não fazer publicidade ao *cof*Betadine*cof* :P ) nas mesmas feridas... E lá estou eu!!! -_-
Tenho então para vos contar a minha mais recente aventura em S. Bento (aquele dos comboios, não do *semi-levantar da cadeira* Primeiro Ministro).
Sabe quem me conhece, que eu não tenho paciência para: velhos, gente lenta, inergumes, e o Topo. Mais, sabe também que eu sou trapalhona, ando sempre cheia de cenas para as quais as minhas duas mãos soam sempre a pouco, porque não raras as vezes ensarilho-me mais com elas do que com o resto, sou distraída, mega-actimeliana por natureza, cabeça-no-ar, e já chega! Não se aproveitem... Sabe igualmente quem conhece aquele emaranhado de gente e pressas que é S. Bento, que é também rico em tudo para o qual eu não tenho paciência (menos o Topo, o que me faz crer que Deus existe, e existe em S. Bento). Mas então chegar a S. Bento, é por si só uma aventura e uma prova de fogo à minha paxorra.
Ora pois na manhã de Quarta-feira, que já se me tinha amanhecido mais cedo do que o rotineiramente normal, dado que agora me meto nessas coisas de ir para a Faculdade ir fazer trabalhos e coisas que tal, o que me deixou já com alguns pirolitos estouvados, vejo-me eu chegada à estação terminal da minha viagem, apeio-me do dito comboio, e agora imaginem a cena: carteira para um lado, pasta para o outro, óculos de Sol na mão, uma sapatilha desapertada, eu já a bufar à conta dos pastéis que se me atravessam no caminho, e que querem sempre ir para o sítio oposto onde estão, desde que se atravessem no meu caminho, e eis que longe, ao longe, vislumbro um corredor celestial, com coros de Anjos, Arcanjos e Querubins papudinhos, com harpas e cornetins, iluminado pela luz do Sol pontuada por pétalas de cor esbatida a perfumarem o ar, e eis que penso logo "-Estúpidos! Tanto espaço ali, e vai o povo todo a acotovelar-se pelas saídas laterais...Asquerosos!" (sim, porque se há coisa que eu sou, é compassiva com a raça humana... Isso, fofa e simpática... Sou as três coisas. No mínimo! Coisa aliás que se percebe pelo sorriso (não) que tenho sempre quando ando sozinha na rua...). Mas passa-se então que, tão próxima e magnetizada que me senti pelo Paraíso, "-É já por aqui!". -_- O dia já não estava a ser nada por aí além mas, que porra, mal eu sabia que ia piorar exponencialmente... Estão recordados, certo? Bila desajeitada + gente lenta e que se atravessa no caminho da Bila + um rastilho de esperança lá fundo, ao fundo + Bila lançada, "-É já por aqui, ide todos vos prejudicar!". Eu fui... O problema, é que vinha alguém em sentido contrário (ai... espera... é direcção. confundo sempre... mas é direcção. Vinha alguém em direcção contrária. É, não é? Raios lá p'á Física também...) Seja o que for, certo é que eu estive a isto *gesto com o polegar e o indicador* de atropelar a moça-dos-olhos-juntos,-coisa-que-só-se-dão-conta-quando-a-Bila-os- remete-para-esse-facto-dado-estarem-todos-mais-atentos-às-mamas-da- menina. Sei agora que se chama Rita Pereira, porque aqueles que lhes atentam às mamas, também sabem o nome das meninas que existem para lá desse atributo, e me disseram... O que se estava a passar então? Estavam a filmar lá na estação umas cenas para uma das 500 mil telenovelas da TVI. Também não sei como se chama a telenovela em questão, mas sei que a moça-dos-olhos-juntos,-coisa-que-só-se-dão-conta-quando-a-Bila-os- remete-para-esse-facto-dado-estarem-todos-mais-atentos-às-mamas-da- menina, se dá pelo nome de Estrelinha. E sei-o porque a pItAlHaDa duma das minhas práticas estava a comentar, dizendo o nome da personagem dela, que mais tarde ficaram a vê-la com a Tuna da Portucalense em frente aos Leões. Quanto a isto, já não sei. Estou a vender o peixe ao preço que mo venderam a mim... Mas que em S. Bento apanhei um dos sustos da minha vida, isso sim. Imaginem o que é ir toda desengonçada, a olhar para ontem, e deparar-me com uma coisa a correr desenfreada na minha direcção, vestida de freira, com uns óculos dignos da "Júlia"! Lá me desviei como pude, e das três, uma. Ou lhes estraguei o plano e a minha vida passa, desde então, a fazer todo o sentido (o que devo confessar, é pouco provável, porque eles lá continuaram de perche em punho como se nada fosse. Já para não falar dos senhores agentes da ótoridade que estavam lá para impedir o povo de se intrometer no meio das filmagens mas, lá 'tá, estavam mais atentos às mamas da menina ai, perdão... era desempenho que eu queria dizer... agora que está escrito, está...); ou vou aparecer numa telenovela da TVI, e vou-me ver forçada a processar a dita estação de televisão por uso indevido da minha imagem, e ganho muito dinheiro, e a minha vida passa, então, a fazer todo o sentido; ou não querendo enveredar por medidas dantescas, e aparecendo na telenovela, ponho-me a fazer raivice às pItAhS que passam horas e horas e horas e horas em filas para castings para depois serem relegadas para a valeta xD e então, a minha vida passa a fazer todo o sentido!!! É ganho garantido portanto, mas também outra coisa não seria de se pedir, dado os momentos tenebrosos por que passei...

sábado, 17 de março de 2007

A case of you


quinta-feira, 15 de março de 2007

"O mundo é para quem nasce para o conquistar / E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão."



Não sou nada.

Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,

Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,

Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,

Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,

E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua

A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,

E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.


Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.

Estou hoje dividido entre a lealdade que devo

À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,

E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.

Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,

E quando havia gente era igual à outra.

Saio da janela, sento-me numa cadeira.
Em que hei de pensar?


[...]

Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente

O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,

E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.

Escravos cardíacos das estrelas,

Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;

Mas acordamos e ele é opaco,

Levantamo-nos e ele é alheio,

Saímos de casa e ele é a terra inteira,

Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.


[...]

Sempre uma coisa defronte da outra,

Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,

Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.



Álvaro de Campos, Tabacaria

quarta-feira, 14 de março de 2007

domingo, 11 de março de 2007

Porto Sentido

Já deixavam de acabar cursos (das duas maneiras: à conta de Bolonha; e à conta de estudarem, e findos 4 ou 5 anos, já estar tudo arrumado e prontos para deixarem de almoçar no McDonald's e passarem a comer no Empadões e Cia ;) ), já deixavam de passar imagens saudosas da RTP, já deixavam de dar Muse no rádio, na tv, ou seja lá onde for. Por defeito já me encontro nostalgica q.b., mas vocês não têm ajudado não... (E, enquanto escrevo isto, o meu pai ter vindo ao meu quarto perguntar-me se eu acabei com Tuna, não ajudou nada... Bolas para isto!)

Ouvi hoje um "Porto Sentido" sobrevoando por paisagens Moçambicanas. Um passeio qualquer, em jeito filantropo, do Rui Veloso pelas terras quentes de África, que suscitou em alguém que pode, um interesse noticioso digno do Jornal da Tarde. Também por defeito e não somente por me ter metido nisto que leva um rumo (mais que um curso) de Biologia, animais a correr livremente por savanas e habitats naturais, também têm o seu toquezinho especial em jeito de mexer com o brilhozinho nos olhos alumiado pela inconsciente mas conhecida vontade de aspirar a um estilo de vida do género. É muito naquela base do que dizia o Miguelito, da "Mafalda" de Quino, "uma tartaruga para ser tartaruga, tem que ser tartaruga; um gato para ser gato, tem que ser gato; um coelho para ser coelho, tem que ser coelho; um Homem para ser Homem, tem que ser engenheiro, arquitecto, advogado, ..." (E ainda assim, nos achamos os maiores...). Mas então aquela música avivou a nostalgia que por aqui se vem verificando, e um pensamento que muito me tem assolado. Não lhe chamarei medo porque mais que a própria definição da palavra, é em si uma palavra muito forte, no sentido em que acobarda sempre quem a usa. Mas a verdade é que anda muito por perto o que tenho sentido. E não é menos verdade a razão e os fundamentos que lhe dão origem.
Quatro anos passados em tão boas companhias, numa cidade maravilhosa, tão diferente de tudo, tão igual a si mesma; com gentes e lugares e tempos tão próprios, apenas dados a conhecer a intrusos como nós, que dela fazemos, ao jeito dos vírus injectados por vacinas em corpos mais ou menos sãos dos quais precisam por necessidade de se manterem de pé, uma casa emprestada, um recreio por vezes... O assustador não foi ter chegado e caído em chão seguro mas desconhecido, nem tão-pouco é o quanto se ganha e, inevitavelmente se perde; é o receio de não ter onde guardar tudo. É o receio de que, quando acabar o tempo Presente, o Futuro nos corte os cordões umbilicais que fomos distribuindo por aqui e por ali.
Se eu vos pudesse pedir uma coisa, a todos vocês que sabem quem são, porque mais do que eu vos referir, importa terem a certeza de que o são, aparte das referências do género agradecimentos de Óscares, pedir-vos-ia que nunca deixem o Porto de existir nas nossa relações, não tanto (mas também) em sentido físico, mas muito no que teremos que recordar, que reviver. Pedir-vos-ia para não se esquecerem do que fomos, do que passamos. Pedir-vos-ia para não crescerem, porque ser adulto é uma seca. Ser adulto faz-nos esquecer muita coisa. E se esquecer é mau, não lembrar é pior. Pedir-vos-ia para que, e porque um dia todos seremos Passado, não se limitarem a guardar na memória os testemunhos, as histórias, os enredos, os tempos idos. De nada valeria viver isto se depois não pudessemos continuar a partilhar as muitas vidas dentro da vida única de cada um de nós, e que muito diferentes se adivinham, uns com os outros. Não quero correr o risco de vos perder. "Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!".
E sim, isto foi só pedir uma coisa. Foi pedir para não deixarem nunca a saudade chegar...

Para além do mais, e já que agora se adivinha um brilhozinho nos olhos não alumiado, mas daquele em tom de humidade relativa exacerbada, há muita gente de quem já sinto saudades. Nunca o saberão. Nunca lhes direi, nunca saberão ler os sinais. Custa perder laços, custa olhar para trás e ver risos e cumplicidade, e custa olhar para a frente e onde antes havia coisas boas, agora não haver sequer um sorriso. Custam as vicissitudes da vida. Custam os encontrões, os desencontros, as pedras no caminho, as hipocrisias... Custa ter que abandonar tudo por uma mesquinhice. Custa essa mesquinhice não merecer uma gota do que o restante merece, e ainda custa mais que essa mesquinhice modifique tanto a vida e aniquile relações... E custa o medo de, porque já aconteceu, voltar a acontecer. E perder tudo. Outra vez...
Ser adulto é uma caca...

sábado, 10 de março de 2007

Nhec...

Estou nostálgica. Estou triste. Estou estranha... Estou com saudades de quem não devo, estou a pensar no que não devia, assolam-me ideias tenebrosas do que por aí vem... Bolas para isto que é ter consciência e sentimentos e coração...

sexta-feira, 2 de março de 2007

Bom Português

Não, não vou falar do Cristiano Ronaldo... 0:)

* ........... *
Distraí-me, perdão...


Gosto da palavra "pioquinho" e da palavra "fatocos". E vocês? :D

Ao que me passa ao lado e as confusões e mau jeito que isso me faz

E por falar em combustíveis necessários a Portugal para andar para a frente, eis que esta semana, se-me surgiu outro: a necessidade incompreensível que certas pessoas têm para andar de transportes públicos! Creio mesmo ser uma dessas profissões à margem de descontos e Seguranças Sociais, o andar de transportes públicos. Se não, o que levaria a autocarros e comboios estarem cheios a horas pertencentes ao horário de expediente? Serem essas mesmas horas dessas mesmas pessoas que os ocupam, o seu horário de expediente.
Eu não trabalho. Eu sou estudante. Eu tenho horário flexível. Eu tenho moral mais que muita, para andar às horas que se me aprouver, em transportes públicos. Eu e quem for como eu. Mas o problema é que quem ocupa os ditos transportes, são gente em idade de ter uma família e sustentá-la! Ou gente com idade para gozar a reforma, alapado num banquinho em frente à praia, ou num jardim que seja, a apanhar Sol se os rendimentos não derem para mais! Quando eu trabalhar e se por acaso tiver a sorte de às quatro da tarde estar livre de ocupações laborais, não vou certamente andar de comboio! Há uma vida lá fora minha gente... Não deve é haver quem vos diga isto... :/

Às polémicas e a tudo que elas nos fazem passar

Este país não sobrevive sem polémicas. Do mundo do futebol ao mundo da política, da sociedade em geral à cusquice individual, nada escapa. Se não é o Mateus é o aborto. Se não é o aborto é a interrupção voluntária da gravidez. Se não é a IVG são as escutas telefónicas. Se não são as escutas telefónicas é o TGV. Se não é o TGV são os maus tratos infantis. Se não são os maus tratos infantis, são custódias parentais. Se não for nada disto, serão os exames do 12º ano, os reitores das Faculdades e Politécnicos e afins, corruptos, os peellings das supê-thias, o tabaco. E é precisamente à conta das proibições que se fazem sentir bem como as que se adivinham, que se-me vos dirijo.
Primeiro, a minha opinião em traços gerais: não fumo e o fumo do tabaco incomoda-me. Mas o que realmente me tira do sério, e me faz espéce, e me faz ter acessos de violência, a mim, pessoa tão calma, são aqueles que, querendo ser mais papistas que o Papa, acham que estão a fazer do Mundo um Mundo melhor. Filosofia não lhes falta, mas aptidão para discernir as coisas, está em falta em grande escala. Acho pois completamente desnecessário e descabido tantas proibições de se fumar aqui e ali. Sabem o que faz realmente mal à saúde? A estupidez. E nunca vi ninguém proibi-la em lado nenhum... Mas li então um artigo na "Única", revista suplementar do Expresso, no último Sábado, dia 24 de Fevereiro, do Miguel Esteves Cardoso. Não será bem um artigo, é mais uma opinião. Deixo-vos com ele. Intitula-se "É favor fumar".

A minha admiração pelos fumadores tem crescido desde que cobardemente deixei de fumar há dois anos. Haverá minoria mais acossada? Haverá perseguição mais legitimada por tudo o que é organismo? É tão violenta a propaganda que já é raro encontrar um fumador que não queira deixar de fumar e não se despreze um bocadinho por não conseguir.
Fumar em paz - até com a própria consciência - é uma actividade em vias de extinção.
Não é por deixar de praticar um desporto que uma pessoa se desinteressa dele e eu lá vou seguindo, com um mínimo de tristeza, as novidades do mundo do tabaco. Enquanto os charutos ainda são tolerados (porque, parafraseando selvaticamente Lenine, não fazem mal aos pobres), os cigarros já fazem parte de um mundo «underground», discutidos em áreas cada vez mais recônditas da Internet.
O cigarros estão agora na situação fascinante da pré-ilegalidade, como a cocaína nos tempos entusiastas de Freud ou o LSD durante a primeira metade dos anos 60.
Mesmo em minha casa, apesar dos meus protestos (como entusiástico fumador passivo que sou), criam-se alegres células tabaqueiras de onde sou cruelmente excluído. Sempre que cá vêm as minhas filhas, por exemplo. Agrupam-se à volta de um cinzeiro com a minha mulher e puxm das bisbilhotices e das galhofas. Apenas oiço as risotas do fundo do corredor.
A exclusão tem dois sentidos. É bom lembrar isso. Os ex-fumadores, sobretudo, têm a obrigação moral de velar pelos direitos daqueles que ainda fumam. Ou virão a fumar. Nem que seja pelo seguinte: verdadeira guerra não é entre fumadores e não fumadores mas entre proibidores e não-proibidores. Há por aí muita coisa agradável cuja proibição facilmente se justificaria médico-socialmente. Se o tabaco for proibido, os proibidores avançarão para outras coisas. E depois de conseguirem proibir as mais óbvias (como o álcool), passarão às mais íntimas.
Pense numa coisa que gosta de fazer e que talvez possa fazer mal (ou somente não fazer bem) a si e/ou aos outros e/ou ao Planeta. Também há-de haver quem a queira proibir. Hoje é o tabaco; amanhã será isso tudo.

E é por concordar também que a exclusão, nos seus dois sentidos, começa também a excluir os não-fumadores, como eu, que hei-de continuar a ir para casas-de-banho minúsculas, apanhar com o fumo de três ou mais cigarros já ressacados ;)

Finalmente!

Eis pelo que todos esperavam! Estou de volta, qual Fénix renascida das cinzas, qual D. Sebastião em dias de nevoeiro! Eu não me tenho baldado. É até precisamente por isso que não tenho aparecido aqui: agora vou às aulas! E a minha vida não dá para tudo! A verdade é que a grande culpada de eu não vir aqui dar-vos toda a atenção que merecem, não sou eu, mas sim a Maria Eduarda. Senão, vejamos: quando antes "Laboratórios de Computação" queriam dizer "salas do mais variado tipo de convívio, estudo, convívio, lazer, convívio, computadores à lá gardére para todos, e convívio", agora querem dizer "incitamos à depressão, à anti-socialidade, ao suícidio, nas suas mais variadíssimas formas" ou seja, estão simplesmente fechadas. Pensamento prodigioso da senhora-e-dona-da-verdade Maria Eduarda e afins companheiros de labor: "Vamos comprar computadores fixes para a 1.06, daqueles com monitores todos xpto, fininhos e bonitinhos, porque damos lá aulas e é bastante incomodativo quando os inergumes têm dúvidas, e nós termos que nos chegar a monitores grandes e brancos! Iuk!" E pumba, computadores novos, monitores novos, (ar condicionado novo, que é bom, ninguém quer), e pumba fechar salas que de facto faziam muita gente feliz, porque a) é caro mantê-laberta, principalmente agora que gastamos o orçamento de um semestre em monitores e b) por qualquer razão suficientemente parva para não ser dada a conhecer, não gostamos de Matequianos. Eu não sou paciente, vocês sabem que não. Então para esperar seja pelo que for, é que não tenho mesmo paciência nenhuma, mas pela senhora-e-dona-da-verdade Maria Eduarda, eu até mudava a minha maneira de ser, e fazia-me incutidora de uma esperinha e davamos-lhe assim tipo uma porrada muito grande!
Mas pronto, percebem agora então a razão da minha ausência. Estou muito tempo na faculdade, pouco desse tempo verdadeiramente aproveitável no que conta ao convívio e lazer, e muito pouco tempo em casa, muito desse tempo ocupado a dormir ou a tratar de vida para voltar para a faculdade... A vossa sorte é pois que a Sexta-feira é dia santo para mim (e não só, já sei...) e estou aqui por minha conta ;)
Tenho umas quantas coisas a vos fazer saber, e de volta à cultura da prateleira-de-supermercado, organizá-las-ei de forma como só os repositores sabem, e que eu tão bem imito...