quarta-feira, 30 de junho de 2010

O meu pai, esse ser super-hiper-mega-ri-atento

Chego eu a casa, com o cabelo arranjado, solto, liso, penteado, fashion, tudo antítese de como costuma andar: descuidado, preso, encaracolado, despenteado, banal, e pergunta-me ele:
-Onde foste?
Ao que lhe respondo, não sem antes o olhar com ar de "duh!":
-Ao cabeleireiro.
Mais atónita fiquei eu quando ele me diz:
-Deixa ver!
Fitei-o com ar de "oi?!" e diz-me ele:
-A sério? Não está igual?

Está meu pai, está...

Estou em crer que o meu pai passando por mim na rua, não me reconhece...

Um Dia...

Rapto a minha cabeleireira, escondo-a no armário da casa-de-banho, e ponho-a a lavar-me o cabelo todos os dias.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Y Viva España!

Sou espanhola desde pequenina. E isto é bem verdade, como aliás se percebe pelo meu apelido! (E nem estou a falar naquele que não me importava nada de ter... Nem ele se importaria! Olha eu a fazer feliz um espanhol, credo!...)

E eles a tentarem-me... Olha que eu faço!

Mas mesmo não considerando antepassados tão recentes, convenhamos, todos nós somos espanhóis desde D.Teresa de Leão, a bem dizer... O Afonso livrou-nos das castanholas mas não da pool genética!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

sábado, 26 de junho de 2010

A Problemática Colocação de Uma Bandeira

Há conta de tanta bandeira lusa mal desfraldada, coisa que a mim me revolta até os humores hepáticos, creio ser assaz necessário assinar abaixo, acima, por qualquer um dos lados ou até mesmo pelos dois, uma directiva que torne obrigatório e, principalmente, urgente, as seguintes directrizes:

a) inscrever em todas as réplicas da bandeira Portuguesa "direito" e "esquerdo" (por alguém que saiba quais os "direito" e "esquerdo" da bandeira), ao bom modo das radiografias, para prevenir colocações dos avessos da dita, que embora muito semelhantes aos frontais, não são de todo a mesma coisa, sendo sim o suficiente para ser errado e ser ultrajante;

b) colocar uma setinha com os dizeres "este lado para cima", à boa maneira dos caixotes de armazenamento de garrafas e afins com necessidade de imprescindivelmente correcto posicionamento vertical, para prevenir bandeiras ao vento de pernas para o ar, que para além de ser errado, é (mais) uma ofensa e uma falta de respeito para com a idade que a mesma já tem, que lhe devia garantir imunidade a tais contorcionismos, que nem os castelos que enverga lhe valem de alguma coisa.

É pedir à Assembleia da República, ao Presidente da República, ao Procurador-Geral, ao Chefe da Casa Civil, a todos juntos ou seja a quem for -ao Sócrates não vale a pena, senão ele lembra-se já de taxar o uso da bandeira-, e caso isto não seja aprovado ou sendo-o, não resulte (também não me admirava nada...), pode-se sempre fazer uma revolta popular que resulte na instauração de uma nova bandeira que seja do género da do Japão, que com um círculo no centro não corremos o risco de, posta de que jeito for, estar errada, ou até mesmo inventar-se uma de uma só cor, que de simbologismos está o povo farto e a marimbar-se, o que quer mesmo é jogos da bola, uma dúzia de mines e uns tremocinhos.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

S.João 2010

Houve um problema muito grande logo à partida: as vuvuzelas. Não contentes com a chinfrineira em dias de jogos ou nem por isso, ainda tinham que aparvalhar na noite de S.João. Eu já acho que brindarem o santo com alho-porro é deprimente, mas diz que é tradição e quem sou eu, se não mais uma que odeia o dito cujo, para me insurgir contra ela. Ninguém, portanto, por isso tenho mais é que me aguentar à bronca, porque "quem vem, sujeita-se e aguenta, porque se não queria, não vinha" ora pois claro, palavras sábias estas. Mas, as vuvuzelas? Não, a sério, as vuvuzelas? Na Saut'Áfricah até é giro, porque eles estão lá longe, e porque foram eles que as inventaram, e porque uma só soa a elefante e muitas soam a uma nuvem de mosquitos, e eles têm lá de ambos, não estranham nem se incomodam com o som. Mas, em Portugal? No S.João? Se imitassem ou arranjassem algo que imitasse um cordeirinho!... É que para sons que soa a estranho numa noite popularucha já nos bastavam os maias(?) que tocam flautas de pan (ou lá como se chamam).

A segunda contra-partida é um bairro -não é freguesia sequer! É um bairro! Um pouco mais que uma rua com duas casas de cada lado!- com a mania de ser diferente, um terço de meia dúzia de pessoas a armarem-se em amotinados, "ai porque não festejamos o Santo António como a cidade inteira, queremos é o São João", e vai daí têm um homem desafinado a cantar há horas música pimba em repeat que me chega aos ouvidos e luta atrozmente com a minha capacidade de concentração, que às tantas já estou a interiorizar que o "AP3 é um gene MADS box necessário para mamar nos peitos da cabritinha" e o pior é que esta cadeira é de Botânica e não de Zoologia!
Rai's vos...

sábado, 19 de junho de 2010

"A história acabou, não haverá nada mais que contar"

O velório do Saramago vai ser na Câmara Municipal de Lisboa, para prevenir memoriais no convento.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Dor de Côte

Sou da Costa do Marfim desde pequenina. Como, aliás, se percebe bem pelo meu tom de pele... E pelos dentes.

O que é que a greve da CP tem a ver com o Sá Carneiro? Tudo!

Já houve vezes em que calhou bem, ou porque não tinha aulas, ou porque as que tinha não deixavam pena faltar, mas desta vez a greve da CP acertou na mouche no dia. Sem aulas e sem necessidade de transporte há mais de uma semana e sem aulas e sem necessidade de transporte daqui para a frente, o dia da greve foi mesmo calhar no dia de um exame. Toda eu exalto com estas coincidências...

Há pois que arranjar alternativas.

1ª tentativa: o primo que estuda na FCUP.
Não tem exame hoje nem vai à faculdade. Risca.

2ª tentativa: a namorada do primo, que estuda lá no Porto.
Não tem exame hoje nem vai à faculdade. Risca.

3ª tentativa: o primo que trabalha no Porto.
Tem um funeral (oh Senhor, não podias ter chamado o pobre homem um diinha mais tarde?), não vai de manhã. Risca.

4ª tentativa: a carreira.
É um perigo porque nunca se sabe se vai a horas e muito menos se chega a horas. Se o exame fosse de tarde, dava folga. Assim de manhã, é coisa para ser arriscado. Reticências.

5ª tentativa: ir para a estação às quinhentas da manhã e esperar que o primeiro comboio que passe chegue ao Porto a horas decentes.
É um perigo porque não se sabe se vai chegar algum e muito menos se chega a horas. Se o exame fosse de tarde, dava folga. Assim de manhã, é coisa para ser arriscado. Reticências.

Resolução: o Sr. Eduardo.

Ora o Sr. Eduardo tem um emprego para muitos de sonho: ir todos os dias ao Porto "fazer coisas".
"E pode levar a Raquelinha linda?"
Pode pois, então não há-de poder! "Ah... Chatice... Amanhã tenho que ir ao banco logo pela manhã..."
"Oh home, deixe lá isso, que a gente encontra-se no banco e nos depois tratamos da nossa vida!"
"Ora pronto! Depois então vamos directinhos ao Campo Alegre. Eu tenho que ir ao Aeroporto, mas primeiro deixo a menina no Campo Alegre!"
Lá seguimos viagem, o senhor, a carripana, eu, e o meu inexistente jeito para a conversa de circunstância. À chegada às portagens chegámos -mais ele que eu- à conclusão que assim como assim, passar primeiro pelo aeroporto não atrasava em quase nada a chegada à faculdade. Ala então para o aeroporto. Partidas Departures - Parques - Cargas - direcção da carripana.

Por esta altura já estão todos a pensar "pronto, foi raptada, enviada para o Quirguistão, onde lhe tiraram um rim, parte do fígado, meio pulmão e o osso que tem a mais." Mas não, não foi assim tão TVInteressante. "Ah!, coitada! Então atrasaram-se e perdeste a hora do exame... Xi pá, que cena..." Não, também não. Correu tudo bem, pelas mil maravilhas -e, quanto a mim, até devemos ter ganho tempo porque passamos ao lado da entrada da VCI e do engarrafamento brutal que a rádio disse lá estar-. Eu só escrevi isto porque me lembrei do título, e achei giro. Nem sempre tudo me corre mal!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O Santo António em V. N. Famalicão é...

Antes de mais, são as "Antoninas", que isso de ser o "Santo António" pode ser num sítio qualquer, e nós aqui somos especiais.

É ter a vinda da GRANDE Daniela Mercury, num concerto fora de série, com duas horas e meia de pulos e coreografias, com um cheirinho de "roqui end rou" à boa maneira dos Xutos, com Carmen Miranda e Roberto Carlos ("até a Daniela Mercury canta Roberto Carlos", bah...), com os filhos da mesma (pasmem-se...) e os seus negrinhos também (oh sim!), com telas lidas com o que a imaginação conseguir numa hora de espera, com apelos para pedidos de casamento e confissões de "e eu qui mi fui cásá, no qui mi fui mêtê. Foi duro ná hora do sim.", com convites para irmos ao Algarve e a Cascais ver mais do mesmo, para irmos ver a Copa ao Rio em 2014, pedidos para intercedermos junto de nuestros hermanos para que Brasil e Portugal passem em frente na Copa deste ano, com um "meu pai é Antônio, quando chegá ao Brasíu vou-lhi djizer: papai, você havia dji vê a feista que êlis fizeram lá p'rá você!", que a mulher até de língua estava louca "qui vocêis já devem 'tá pensando: ela não istá bem, endoidô!", qual pensar isso, qual quê, que foi mas é um concerto brutalíssimo, do melhor que há.

São as casas-de-banho conjuntas do Estádio...

É ter putos e, pior, "anões" (mentira, era uma miudinha muito fofinha...), a trabalhar nas barraquinhas dos "comes e bebes".

É ter caziliões de povo nas ruas na noitada do dia 12, que eu já não via tanta gente junta desde... a última vez que vi assim tanta gente junta (mas nunca aqui na terrinha), que se a cidade tivesse costuras, tinham rebentado!

É ter dito à minha mãe "um dia vou querer entrar numas marchas" e ela ainda hoje olhar para mim e rir-se até perder o ar.

É fazerem um espectáculo de fogo de artifício num parque cheio de árvores e no meio de milhentos prédios, que é, aliás, o melhor lugar, diga-se...

É serem umas festas desde há "15 anos... 115 anos", que o suspense sempre manteve o povo mais atento -o sucesso aliás, que o Bond... James Bond teve à conta disso-; é inventar-se a Fundação "Aryton Sennas", que diz que para lavar roupinha suja e gelar umas cervejolas, não há melhor!

Para o ano há mais.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Shhh...

Há uma casa que sabe muito. Lá fora, a rua é assim, nem mais nem menos que outra qualquer, começa e acaba onde acabam e começam outras duas. Coisas se passaram ali também, mas não embateram em nada que as guardasse. O prédio, esse, é assim, nem mais nem menos que outro qualquer. Os dias e as noites passam por ele, e com a luz trazem ou levam coisas diferentes. Quanto muito, a chave da porta sentiu uma maior inquietude, um compassar mais forte do coração que descoordena os movimentos da mão numa vez ou noutra mas, por ser pequenina -a chave, não a ânsia, quantas vezes desassossegada e sôfrega!-, não guardou nada com ela, não se interessa por pormenores que não sejam o dentado do seu flanco, tem mais é que ser boa e eficiente no seu trabalho de abrir a porta, a fronteira, a passagem ou o muro.

Foram as paredes que viram, o chão que se apercebeu, os sofás que sentiram, as camas que souberam. Entraparam-nos a essência prolongadamente momentânea e, agora, em dias e noites de ensurdecedor silêncio e acerbamentos melancólicos, ainda se divisam os sons, ainda se sentem os cheiros, a pele ainda se arrepia.
O medo que os índios tiveram de que as máquinas fotográficas lhes roubasse a alma, que em vazios os transformassem, o pavor da vida sem espírito e da morte sem sono, temo-lo nós de que as paredes falem.
Quem pode dizer que quando aquele momento é encurralado, numa máquina ou entre quatro paredes, os medos não serão bem fundamentados? Não fica ali aprisionado roubando-nos um bocadinho de nós, quem sabe não se conseguirá libertar um dia e espalhe a estória quando a História nada devia saber?

Esta casa sabe muito, muito que não convém que se saiba, muito que não se pode saber. Arranjaram-lhe boa solução, no entanto. Rasgam-lhe o papel e pintam-lhe as paredes. Arrancam-lhe a alcatifa e põem-lhe soalho. Remodelam disposições, inventam melhoramentos, escolhem cores e feitios e, se nada correr mal, se nenhuma desgraça vier e descolore as tintas novas, e risque o verniz novo e mude os sofás para onde estavam antes, estamos seguros na nossa história antiga, que ninguém dela nada ouvirá, quiçá um dia até nós a esqueceremos.

terça-feira, 8 de junho de 2010

O Transbordo da Paciência

Estou tão, mas tão fartinha do Mundial! Mas mesmo pela pontinha dos cabelos (e oh que eles agora estão grandes!) É verdade que dizer "Mundial" é generalizar um bocadito em demasia -passo o erro gramatical enorme que devo estar a cometer-. A questão está mais na Selecção Portuguesa. De cada vez que começam uma frase com "a selecção", "os incríveis", "os jogadores", "o treino", já nem dou tempo ao locutor de fazer a pausa da tentativa frustrada de suspense que prende os ouvintes, e mudo logo de canal! Começo a não ter muita escolha, mas graças a não-sei-bem-a-quem, mas a quem aproveito desde já para agradecer, temos sempre a RTP2, que entre séries, desenhos-animados, documentários e outros programas que tal, me vai acalmando a cólera.
A culpa começou pelas irritantes vuvuzelas, que eu até podia ter feito o esforço de ignorar não fossem levar também com honras de serviços informativos, e foi sendo construída não tão gradualmente quanto isso pelas constantes referências a tudo o que envolve a selecção de Portugal, desde o que fazem ao que dizem, passando pelo que comem e o que vestem, não sem dar ênfase à previsivelmente pouco interessante hora do dia em que têm comichão na ponta do nariz ou ao ritual do corte das unhas dos pés. Sinceramente, ainda há quem ligue? Ainda há quem se interesse e fique grudado à espera de detalhes que não levam a lado nenhum? E, além do mais, acham mesmo que "vai ser desta"? Dizia o meu pai há dias atrás: "Jogador de futebol agora não serve para jogar, é para dar conferências..." Mas... Porquê? O futebol joga-se num recinto delimitado por quatro linhas, porque não deixá-lo ser "apenas" isso, tão-só a sua essência?
Eu já estou farta do Mundial com Portugal, e há semanas que dou por mim a querer que isto acabe e ele ainda nem sequer começou. E não me venham dizer que é falta de Patriotismo, que Patriotismo teve o Afonso Henriques (Patriotismo ou vaidade, mas assim como assim, a segunda de mão dada com a primeira até se livra de ser pecado, ainda mais capital), e ninguém se incomodou em patrociná-lo ou filmá-lo em cima de cada cavalo que tinha, ou estampar-lhe a cara em camisolas de fraco gosto.

E eu até gosto de futebol, apesar de sentir que, a cada minuto que passa, me estão a matar esta paixão. Obrigadinha!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Sabedoria popular

Há um provérbio que diz assim:

"Ao menino e ao borracho põe Deus a mão por baixo."

E pronto... era só isto...

Os Perigos do Desconhecido

Há um problema na nossa sociedade que urge ser sanado.

Quando se sabe para o que se vai, é mais de meio caminho andado para que as coisas corram bem, para se gostar e tirar prazer do que se vai fazer. Mas quando se julga ir para uma coisa e, deparados com ela, em nada tem a ver com o que imaginámos ou, pior, acontece-nos a antítese do previsto, aí é que a desgraçada da porca fica com o rabo mais torcido.

Quando vamos a um concerto (excluindo os de música clássica, sacra e outras do género) sabemos incorrer no risco de levar encontrões, calcadelas, apertões. O mesmo se passa no São João, por exemplo.
Quando vamos a uma tasca, até admitimos que o pão venha em cestos de plástico, e que o panado venha a nadar em óleo, mas se estivermos no restaurante do Grande Hotel do Porto, ai até do empregado que tenha um vinco na camisa, quanto mais que nos ponham mais do que uma fatia de pão na mesa. Ou seja, admitimos tudo desde que no devido lugar.

Indo a uma Feira do Livro, até nos dá ares de intelectualóido-culturalmente exemplares. Contamos que seja um sítio calmo, repleto de gente correcta e bem-comportada. Lá vamos nós na nossa, espreita para esta banca, passa os olhos naquele título, lê aquela contra-capa, e eis senão quando, embrenhados que já estamos naquilo tudo que, pras! surge-nos um sujeito que já não está à nossa frente, antes em cima de nós. Atónitos, os dois, embolamos um "desculpe" atarantado e seguimos caminho, para logo mais à frente acontecer o mesmo, connosco e não só, numa estória que tudo tem de igual excepto os personagens.
E é esta a grande problemática das Feiras dos Livros: andamos de cabeça virada, não tendo a mínima noção do que personifica à nossa frente à medida que os nossos passos, irremediavelmente cegos, nos passeiam.
Há, pois, a necessidade de, para cada visitante duma Feira do Livro, haver um acompanhante que o guie. Para que nós, visitantes, possamos continuar a espreitar, passar os olhos, ler, sem nos estamparmos vezes sem conta contra pessoas e coisas, enquanto que os ditos acompanhantes, nos guiam, promovendo assim o bom clima que uma Feira do Livro merece. E para que mais ninguém vá ao engano...