segunda-feira, 7 de junho de 2010

Os Perigos do Desconhecido

Há um problema na nossa sociedade que urge ser sanado.

Quando se sabe para o que se vai, é mais de meio caminho andado para que as coisas corram bem, para se gostar e tirar prazer do que se vai fazer. Mas quando se julga ir para uma coisa e, deparados com ela, em nada tem a ver com o que imaginámos ou, pior, acontece-nos a antítese do previsto, aí é que a desgraçada da porca fica com o rabo mais torcido.

Quando vamos a um concerto (excluindo os de música clássica, sacra e outras do género) sabemos incorrer no risco de levar encontrões, calcadelas, apertões. O mesmo se passa no São João, por exemplo.
Quando vamos a uma tasca, até admitimos que o pão venha em cestos de plástico, e que o panado venha a nadar em óleo, mas se estivermos no restaurante do Grande Hotel do Porto, ai até do empregado que tenha um vinco na camisa, quanto mais que nos ponham mais do que uma fatia de pão na mesa. Ou seja, admitimos tudo desde que no devido lugar.

Indo a uma Feira do Livro, até nos dá ares de intelectualóido-culturalmente exemplares. Contamos que seja um sítio calmo, repleto de gente correcta e bem-comportada. Lá vamos nós na nossa, espreita para esta banca, passa os olhos naquele título, lê aquela contra-capa, e eis senão quando, embrenhados que já estamos naquilo tudo que, pras! surge-nos um sujeito que já não está à nossa frente, antes em cima de nós. Atónitos, os dois, embolamos um "desculpe" atarantado e seguimos caminho, para logo mais à frente acontecer o mesmo, connosco e não só, numa estória que tudo tem de igual excepto os personagens.
E é esta a grande problemática das Feiras dos Livros: andamos de cabeça virada, não tendo a mínima noção do que personifica à nossa frente à medida que os nossos passos, irremediavelmente cegos, nos passeiam.
Há, pois, a necessidade de, para cada visitante duma Feira do Livro, haver um acompanhante que o guie. Para que nós, visitantes, possamos continuar a espreitar, passar os olhos, ler, sem nos estamparmos vezes sem conta contra pessoas e coisas, enquanto que os ditos acompanhantes, nos guiam, promovendo assim o bom clima que uma Feira do Livro merece. E para que mais ninguém vá ao engano...

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