O moço morreu porque foi inconsciente, inconsequente, imprudente, temerário, com ele morreu mais um jovem e outra está muito mal! Não morreu vítima de um acto de terrorismo cobarde, não morreu vítima de uma doença maldita! Pode-se sentir pena pelo sofrimento de famílias e amigos, mas dele, não!
Se fosse o filho da vizinha a ter um acidente de automóvel em excesso de velocidade a meio da madrugada, jesus, do que o apelidavam! A ele, à mãe dele, quiçá ao pai e até ao periquito! Nem que culpa tivesse sido do eixo traseiro! Era ele que ia a conduzir, não era? Mais uma descascadela na tia, na prima e no cão. Mas se o menino apareceu na TV e cantava e tinha dois palmos de cara, "ai, coitadinho"!
Palmas?! A sério?! Ele tinha 28 anos, completou-vos assim tanto a vida, deixou obra feita em prol de algum bem maior?
Ganhem juízo nessas cabecinhas, que muita falta vos faz, e eu escusava de ver destas coisas que me tiram do sério, evitavelmente.
Se fosse o funeral dum primo afastado (e, oh que simpática que estou a ser com o adjectivo!), "ai não vou! Nem o conhecia assim tão bem, e 'tá um dia de praia tão bom, ainda por cima... O tanas é que me apanham na torreira do cemitério à espera dum morto!"
"Ai, mas foi tão lindo!" Tão lindo, uma ova! Que aquilo não é espectáculo nenhum, há gente a sofrer. A bom sofrer!
Cambada de gente estúpida, pá! Nestas alturas até tenho vergonha, e nem é nada comigo...
5 comentários:
Diz que ele ia de cinto posto.
E fica registada a minha atenção blogosférica ao caso.
MAs há gente maior proximidade com pessoas que não lhes são nada mas as quais se ligavam de alguma maneira.
Falta o que fazer é o que é.
Bom era não se emterem com muita homenagem e deixarem a família chorar o seu morto e seguir em frente.
Essa de virem agora dizer que ele ia de cinto posto é, para mim, muito careca, mas eu também sou uma desconfiada... Mas como é que sempre se falou de que não o levava e agora de repente levava sim senhor? Parece uma tentativa despropositada para tentarem fazer dele um mártir. Não gosto disso.
E, para mim também, a falta de mais que se fazer foi barreira que há muito ficou para trás. Isto é estupidez mesmo! E tudo quanto é valor, trocado.
Se fosse o filho da vizinha, eu reagiria da mesma maneira. E teria pena na mesma.
Mas isso só acontece com quem já perdeu alguém muito próximo, desta forma, pelos vistos.
Foi irresponsável, sim, mas pagou caro demais. Assim como a pessoa que eu perdi.
Quanto aos fãs, foram exagerados, é verdade, mas cada um age conforme a sua consciência pede. Não acho bonito julgar dessa maneira.
Mas cada um com a sua opinião. :)
Quanto ao cinto, por acaso, houve quem dissesse logo que ele o usava, porque eu ouvi. Mas pronto, quer tenha usado, quer não tenha, isso não o vai trazer de volta.
. Sofia ., quando falei das reacções aos "filhos das vizinhas", estava, talvez, a falar de um grupo mais coscuvilheiro-desdenhoso-dependente, mais "é bem feita que é para aprenderes", mais preocupado com o mal dos outros do que com o que quer que seja próprio. Creio que, e certamente também estarás certa disso, que há um grupo cada vez mais restrito de gente que se compadece com situações do género, por serem malditas e terríveis per se, sem mediatismos à mistura ou qualquer outro condimento menos nobre. Eu fico sentida com casos, e usando este como exemplo, de mortes na estrada. Acho uma estupidez. Acho que a estrada devia ligar em vez de desligar, mas a falta de civismo e correcção e tino de certos condutores dava pano para mangas para outras dissertações. E, felizmente, nunca perdi ninguém assim.
Ao que eu me estava mesmo a referir era ao que acho ser um exagero absurdo de formas de reagir, de homenagens descabidas. Não digo que os fãs não o possam sentir e mostrar de forma mais dramática, até porque o público-alvo dele eram cachopas de 12-13 anos, e eu também já fui uma, e sei que podemos ser drama queens e reagir excessivamente, mas não era a essas miúdas que me referia. E não concebo que se bata palmas a quem nada fez por uma causa maior. As palmas, como tantas outras palavras e acções, estão quanto a mim a perder o sentido, a descambar de uma maneira abrupta. Um exemplo, mais temporal que com sentido, nas exéquias do Salvador Caetano ninguém pensou, sequer, em agradecer a um empresário que muito fez por Portugal.
Eu não estava a julgar, estava a despejar a raiva que situações destas, que tenho por descabidas, despertam em mim. Custa-me o rumo que as coisas tendem agora a levar.
Quanto ao cinto, é a mais pura das verdades que agora não interessa se o levava ou não para o desfecho ser diferente, mas uma das coisas que mais me deixou de pé atrás foi a reacção do bombeiro (chefe, talvez?) da corporação que o desencarcerou que hoje diz uma coisa e amanhã já diz outra (não sei se viste a reportagem da Sic...)
E mais não podia estar de acordo com o "cada um com a sua opinião". Aproveito mesmo para agradecer pela tua :) E, já agora, pela visita que, tomara eu, tivesse sido numa situação mais leve ;)
Nada a agradecer, depois de ler o que escreveste é óbvio que não podia não concordar. Ficou muito mais claro o que querias dizer.
E a altura em que visitei nada tem a ver com a qualidade do blog. Eu gostei e sigo, embora não seja visível, mas vou tratar de mudar isso.
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